Veja aqui o que o Partido da Imprensa Golpista (PIG) não mostra!
Entrevista concedida pelo presidente do Equador, Rafael Correa, ao
fundador do Wikileaks Julian Assange.
JULIAN ASSANGE: Presidente Correa, como o senhor sabe, luto, há
muitos anos, a favor da liberdade de expressão, pelo direito de as
pessoas se comunicarem, pelo dever de publicar e dar aos públicos
informação verdadeira. O que o senhor fará, para que suas reformas não
acabem com a liberdade de expressão?
RAFAEL CORREA: Bem... Você mesmo é ótimo amostra, Julian, de como
é a imprensa, essas associações como a Sociedade Interamericana de
Imprensa, que nada é além de um clube de donos de jornais na América
Latina. Sobre seu WikiLeaks, publicaram-se muitos livros, o mais recente dos quais é de dois autores argentinos, no qual analisam país por país, Wiki Midia Leaks.
No caso do Equador, demonstra como, desavergonhadamente, os veículos não
publicaram os telegramas que os prejudicavam. Por exemplo, disputas
entre empresas de comunicações. E todos, afinal, decidiram não publicar
suas próprias sujeiras, para não prejudicar nenhum deles. Leio para você
a tradução, em espanhol, de um dos telegramas WikiLeaks que a imprensa nunca publicou no Equador.
RAFAEL CORREA: [lendo] “…o fato de que a imprensa sinta-se livre
para criticar o governo, mas não um banqueiro fugitivo e os negócios da
família do banqueiro, mostra muito sobre onde está o poder no Equador…”
[Mostra as páginas do livro] E esses são os telegramas que WikiLeaks
divulgou e jamais foram publicados na imprensa do Equador. Para que
você entenda um pouco o que enfrentamos no Equador e na América Latina.
Nós acreditamos, que os únicos limites que devem pesar sobre a
informação e a liberdade de expressão são os que já existam nos tratados
internacionais, na Convenção Interamericana de Direitos Humanos: a
honra e a reputação das pessoas; e a segurança das pessoas e do estado.
Quanto a todo o resto, quanto mais gente saiba de tudo, melhor.
Você manifestou seu temor – o mesmo que sentem todos os jornalistas, de
boa fé –, mas que não passam de estereótipos do medo de que o poder do
estado limite a liberdade de expressão. Isso praticamente não existe na
América Latina, praticamente não há aqui nenhuma liberdade de expressão.
Fala-se só de idealizações, de mitos.
Vocês precisam entender que, por aqui, o poder ‘midiático’ foi, e
provavelmente ainda é, muito maior que o poder político. De fato, o
poder ‘midiático’ tem imenso poder político, em função de seus
interesses, poder econômico, poder social. E, sobretudo, têm poder
monopolístico para informar.
Os veículos têm sido, aqui, os maiores eleitores, os maiores
legisladores, os maiores juízes, os que criam a alimentam a ‘agenda’ da
discussão social, os que sempre submeteram governos, presidentes, cortes
de justiça, tribunais.
Temos de tirar da cabeça essa ideia de que, de um lado, só haveria
jornalistas pobres e perseguidos, empresas jornalísticas angelicais,
empresas e veículos dedicados a informar a verdade dos fatos; e, de
outro lado, só haveria ditadores, autocratas, tiranos que vivem para
tentar impedir que a verdade chegue ao povo.
Os governos que trabalhamos para fazer algo pelas maiorias, somos – nós –
violentamente perseguidos por jornalistas que entendem que, por ter uma
pena ou um microfone, ganhariam algum direito de vingar-se dos
desafetos pessoais. Porque, muitas vezes, caluniam, mentem, injuriam
exclusivamente por alguma inimizade pessoal. Os veículos de comunicação
são, aqui, instrumentos dedicados a defender interesses privados.
É importante, por favor, que o mundo todo entenda o que se passa na América Latina.
Quando tomei posse na presidência, havia aqui sete canais de televisão
nacionais. Nenhum público; todos privados. Cinco pertenciam a
banqueiros. Imagine a situação: eu queria tomar uma medida contra os
bancos, para evitar, por exemplo, a crise e os abusos que, hoje, todos
estão vendo acontecer na Europa, sobretudo na Espanha. E houve uma
campanha violentíssima, pela televisão, para defender os interesses dos
banqueiros empresários donos das empresas, dos proprietários dessas
cadeias de televisão, todos banqueiros.
Que ninguém se engane mais. Temos de esquecer essas mentiras e
estereótipos de governos ‘do mal’, que vivem a perseguir valentes e
angelicais jornalistas e empresas e veículos de comunicação. Com muita
frequência, Julian, acontece exatamente o contrário.
Essa gente travestida de jornalista vive de fazer política, só se
interessa em desestabilizar nossos governos democráticos, para impedir
qualquer mudança na nossa região. Porque, com mudança democrática, eles
perdem o poder que sempre tiveram e ostentaram.
Sintonia Fina
- com O Esquerdopata
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