O Sintonia Fina reproduz a entrevista de Conceição Lemes com o senador Humberto Costa sobre as mais recentes mentiras do PiG, publicada no Viomundo:
Humberto Costa: Sobre Jefferson, Rubnei e José Dirceu
Humberto Costa: Meios de comunicação não querem que a verdade sobre eles seja debatida
por Conceição Lemes
Na semana passada, três fatos tinham tudo para ser notícia na mídia. Porém, foram praticamente ignorados.
Roberto Jefferson nega ao STF a existência do mensalão
“Empresário” pede desculpas ao PT por mentiras no Jornal Nacional
Repórter da Veja realmente tentou violar o quarto de José Dirceu em hotel
Hoje, mais cedo entrevistei o senador Humberto Costa (PT-PE) sobre esses fatos.
Viomundo – O ex-deputado
Roberto Jefferson, presidente do Partido Trabalhista Brasileiro (PTB),
afirmou em sua defesa ao Supremo Tribunal Federal (STF) que não houve o
mensalão, denunciado, em 2005, por ele à Folha de S. Paulo e que o
restante da mídia corporativa embarcou. Foi só “pura retórica”, “modo
de dizer”. O que o senhor acha dessa posição dele agora?
Humberto Costa — Na verdade, é
uma estratégia da defesa do ex-deputado. Naquele momento, muito marcado
pela raiva que estava destilando contra o PT, contra o presidente Lula,
ele apresentou aquela versão dos fatos, acabou produzindo muitos
desgastes, inclusive a criação de uma CPI, que quase leva à derrubada do
governo Lula.
Agora, seis anos depois, ele
retira o que disse. Tudo isso como uma estratégia de defesa, mesmo
porque ele precisaria provar à Justiça a defesa do que ele havia
formulado.
Então, perde força a própria
denúncia. E perde força ele como pessoa dotada de credibilidade, para se
manifestar em relação a temas semelhantes.
Viomundo — Rubnei Quícoli pediu
desculpas ao PT nos processos que a direção nacional move contra ele em
Brasília. Quicoli é aquele “empresário”, todo vestido de preto que,
durante a campanha eleitoral de 2010, apareceu no Jornal Nacional
fazendo graves denúncias à então candidata Dilma Rousseff e ao PT. Na
época, apesar da razoável ficha corrida – já havia sido preso por
receptação de carga roubada, entre outros crimes –, foi levado às
instalações da TV Globo, onde gravou seu “depoimento”. Qual a sua
opinião sobre esse “pedido de desculpas”?
Humberto Costa – Do ponto de
vista de comunicação esse caso é ainda mais grave, pois uma emissora de
TV deu ares de credibilidade a alguém que reconhecidamente não tinha
credibilidade.
Houve manipulação, uma
utilização desse cidadão, que, sem ter provas, acusou o PT. Isso gerou
prejuízo eleitoral na campanha da presidenta Dilma.
Eu defendo que o simples pedido
de desculpas não deva encerrar esse processo, porque os prejuízos, os
danos à imagem do partido, à própria candidatura e à própria presidenta
foram flagrantes. Esse processo tem de continuar.
Viomundo – O terceiro fato que
foi notícia, mas a mídia ignorou foi a conclusão da Polícia Civil do
Distrito Federal sobre a tentativa de invasão do quarto de José Dirceu.
O delegado confirmou que o jornalista Gustavo Ribeiro, da revista Veja,
realmente tentou violar o apartamento José Dirceu, no Hotel Naoum, em
Brasília, no dia 24 de agosto. O que pensa sobre esse caso?
Humberto Costa – Para mim, é um
episódio também da maior gravidade. Quem quer que tenha sido espionado
dessa forma, que tenha tido a sua privacidade invadida, sofreu um
prejuízo expressivo. As próprias pessoas que ali estiveram — não cabe a
ninguém fazer qualquer tipo de prejulgamento — também tiveram a suas
imagens associadas a algum tipo de delito, que não aconteceu. Na
verdade, ali, o delito foi praticado pelo jornalista e pela revista.
A conclusão de que realmente
houve essa tentativa de invasão denota uma atividade ilegal. Isso
macula muito a credibilidade de revista e coloca em debate a necessidade
de a sociedade ter instrumentos para se defender em situações como
essa, assim como das duas anteriores.
Viomundo – Senador, quem vai pagar a conta pelos prejuízos que o PT alega ter sofrido?
Humberto Costa — Esse é um dos
grandes problemas que nós temos em relação às leis brasileiras,
especialmente as leis que dizem respeito ao funcionamento das empresas
de comunicação.
Na verdade, quando se fala em
democratização dos meios de comunicação muita gente quer passar a
leitura de que se está falando em cerceamento da liberdade de imprensa,
tentativa de intromissão no conteúdo das matérias jornalísticas. Quando,
na verdade, não é nada disso.
Uma das razões pelas quais
estamos propondo a democratização dos meios de comunicação é para que,
em situações como essas, as pessoas e instituições que tenham sido
caluniadas, que tenham sido vítimas de mentira, possam ter um espaço
semelhante na mídia àquele que tiveram os seus detratores, os seus
acusadores.
No caso do ” mensalão”, o
prejuízo que tivemos não pode ser reparado totalmente. No entanto, nós
vamos tentar dar divulgação à posição do ex-deputado. O próprio Supremo
Tribunal Federal receberá e analisará essa defesa.Tenho certeza de que a
sociedade saberá entender o que, de fato, aconteceu.
Viomundo – E no caso da Globo que deu a palavra a uma pessoa sem a menor credibilidade, como fica?
Humberto Costa – O que acontece
com uma instituição de comunicação que, sem o devido cuidado, leva aos
seus estúdios dando áreas de credibilidade uma pessoa, sem provas e que
se disponha a fazer acusações?
Sem dúvida, isso não dá mais
para ser reparado . Por isso acho que os processos movidos contra o tal
‘empresário’ devam ser mantidos. Fica claro também que é preciso
aperfeiçoar a legislação que trata dos órgãos de comunicação no Brasil.
Viomundo – Nos três episódios, a
mídia esteve envolvida. Como levar essa discussão para a sociedade, já
que mídia diz que a regulação dos meios de comunicação seria uma forma
de cercear a liberdade de imprensa?
Humberto Costa – Teremos de
fazer todos os esclarecimentos à sociedade. Mas já sabemos que será uma
tarefa difícil. Há uma tentativa clara de impedir qualquer discussão
sobre a democratização dos meios de comunicação, tachando esse debate
como cerceamento à liberdade de imprensa, quando na verdade não é.
Nós temos de discutir o que
fazer em situações como essas apontadas por você, quando há calúnia ou
quando uma notícia mal investigada se transforma em uma denúncia,
acarretando prejuízos os mais diversos.
Nós temos de discutir como fica
o direito de resposta. A indenização a pessoas e instituições que
tenham sido vítimas desse tipo de atividade ilegal e criminosa, como no
caso da tentativa de invasão ao quarto de José Dirceu, não deve ser
simbólica; a indenização deve ser expressiva.
Outra coisa que faz parte dessa
discussão é questionar se é justo, correto, que uma única empresa
detenha a propriedade de rádio, televisão, jornais, redes sociais.
Também se isso não representa uma concentração negativa em relação à
democracia dos meios de comunicação.
É importante discutir também se
é justo que políticos tenham direito a ter rádios e televisões. Eu acho
que eles não deveriam ter, a legislação deveria coibir isso.
São essas questões que tem de
ser discutidas e não nenhum tipo de proibição à expressão do pensamento,
das ideias de quem quer que seja.
E isso não é fácil. A forma de
se fazer esta discussão é por meio dos meios de comunicação e eles se
fecham inteiramente à possibilidade de a verdade ser colocada nesse
debate.
Em tempo: quando a PF do ministro Zé (clique aqui para entender por que o chamam de Zé) Cardozo vai apurar o que aconteceu no Hotel Naoum, em Brasília ? Vai esperar achar o áudio do grampo ? Tá com medo da Veja ?
Sintonia Fina - Conversa Afiada
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