8 de mai. de 2013

OMC: QUEM GANHOU E QUEM PERDEU?



Com a oposição dos países ricos e a má vontade da mídia conservadora brasileira, mas o apoio coeso das nações em desenvolvimento,  o Brasil conquistou o mais importante posto internacional de sua história: a direção da Organização Mundial do Comércio. 


Não foi um ponto fora da curva. 
A política externa independente do Itamaraty, adotada desde 2003, firmou o país como liderança representativa das economias pobres e em desenvolvimento.
Com o apoio delas, o Brasil já havia vencido a eleição para dirigir a FAO, em 2012. Um sinal minimizado por uns e desdenhado por outros. 

Agora, tornou-se mais difícil ignorar a travessia em curso. O candidato derrotado na OMC, o mexicano Herminio Blanco, foi um dos arquitetos do Nafta. 
Alinhado ao pensamento neoliberal, representava os interesses que jogaram o mundo na pior crise  do capitalismo desde 1929. 

A vitória na FAO, com o ex-ministro José Graziano da Silva, marcou a primeira renovação importante de um organismo internacional, depois da derrocada financeira de 2008. Graziano derrotou a candidatura espanhola igualmente apoiada pelos países ricos. 
O escrutínio das urnas mediria a eficácia da diplomacia independente dos anos Lula, acidamente criticada pelos sócios nativos de Washington. 

Com Celso Amorim e Samuel Guimarães no comando, o Itamaraty  faria forte inflexão em direção ao mundo em desenvolvimento. O continente africano e a América Latina em peso garantiriam a eleição brasileira na FAO. 

Foi uma vitória apertada, mas reveladora de um novo ciclo agora confirmado. 

O êxito na OMC, com Roberto Azevêdo, acontece  em meio aos escombros de cinco anos de desordem neoliberal.  Políticas de autopreservação dos países ricos  asfixiam nações pobres. Uma guerra cambial e comercial insana evidencia a imperiosa necessidade de uma coordenação global que não interessa às nações  hegemônicas, empenhadas em reafirmar a ocupação do terreno. Não por acaso, desta vez a vitória brasileira foi esmagadora. 
A  diferença da ordem de 30 votos inibiu a reação dos países ricos que, em revés anterior, em 1999, anularam na prática a posse do candidato tailandês escolhido pela maioria da organização. 

Por tudo isso, o êxito na OMC representa também um trunfo interno expressivo: o dispositivo midiático conservador  torcia pela vitória de quem simbolizava, no plano internacional, a coalizão de interesses locais que hoje busca  restaurar a lógica dos anos 90 na economia, na política e na diplomacia brasileira. 


SINTONIA FINA - @riltonsp  
com Carta Capital

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