8 de mai. de 2013

Bye bye USA




Há alguns anos, Celso Lafer, ministro das Relações Exteriores do Brasil, teve de tirar os sapatos, no aeroporto de Miami, para entrar nos Estados Unidos.


Foi o momento supremo de humilhação a que o país foi submetido - o nosso chanceler obedecendo ordens de um funcionariozinho americano qualquer, como se fosse mais um dos "cucarachas"  que procuram a salvação naquele paraíso terrestre.


Hoje, tudo mudou. São mais de dez anos em que o Brasil não se submete mais às ordens de Washington, que exerce uma política externa realmente multilateral,

 participando como protagonista de importantes fóruns e organizações.O país é cada vez mais relevante nas discussões globais sobre os mais variados temas.
A eleição do Roberto Azevêdo para a Direção-Geral da Organização Mundial do Comércio (OMC) é o ápice desses novos tempos.


Sua escolha tem uma importância histórica notável: pela primeira vez os países pobres e emergentes não se submeteram aos desejos dos ricos, indicando que, finalmente, pode surgir uma nova ordem mundial, que dê voz a todos igualmente, sem distinguir quantos bilhões de dólares cada um tem em suas reservas - ou quantos mísseis estão guardados em seus silos.


Para o Brasil, a vitória de Azevêdo representa mais uma oportunidade de destravar a rodada Doha de liberalização comercial, na qual o país apostou todas as fichas, e que se encontra, no momento, abandonada, por causa da intransigência dos ricos em negociar pontos que, a seu ver, podem prejudicá-los.


Retomar Doha, convencer os ricos de que o multilateralismo é bom para todos, é uma tarefa imensa, mas que pode, se bem sucedida, transformar a OMC no mais importante organismo internacional.


A missão de Azevêdo é árdua, complexa, quase impossível.
Já em dezembro ele terá um aperitivo do que o espera, dirigindo a conferência ministerial de Bali, na Indonésia.


Não é para qualquer um.


Nos tempos de Celso Lafer, dá até para imaginar, o Brasil nem se importaria em participar desses debates.


Afinal, o que era bom para os Estados Unidos era também bom para nós.



com Crônicas do Motta

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