11 de fev. de 2013

QUEM SABE FAZ A HORA NÃO ESPERA ACONTECER





Por Geraldo Elísio

“Se todos quisermos, poderemos fazer deste país uma grande nação. Vamos fazê-la”. – Joaquim José da Silva Xavier – o Tiradentes

Vale à pena rememorar um pouco do porque, Minas Gerais com suas imensas riquezas naturais, Um coração – sangrando – de ouro num peito de ferro, paradoxalmente é a causa de nossa extrema pobreza material e moral. Óbvio, tudo começou quando Pedro Álvares Cabral aqui aportou e o escrivão oficial da esquadra, Pero Vaz de caminha, depois de inaugurar o nepotismo pedindo um emprego para o cunhado dele, informou a el rei que nas novas terras descobertas pelos navegadores da Escola de Sagres em se plantando tudo dá.
Mas não foi dada muita atenção aos cuidados com a plantação. 

Matando e escravizando índios com as bênçãos da Santa Madre Igreja que havia perdido o poder na Europa com a reforma implantada por Martinho Lutero, em nome da catequese, os colonizadores portugueses preferiram expropriar das terras de Vera Cruz o pau brasil que acabou por nos batizar como País: Brasil. Plantar mesmo só foram pensar nisto muito mais tarde.

Como não se trata de um compêndio de história, vamos num ritmo mais acelerado de narrativa. Descobriram o ouro e pedras preciosas, explorados com a mão de obra escrava de negros trazidos da África, no grande caldeirão das raças construindo com os índios, os portugueses e outros imigrantes a raça brasileira.

Mas como toda opressão gera revolta, primeiro Felipe dos Santos teve o seu corpo esquartejado em Vila Rica, hoje Ouro Preto, antiga capital das Minas Gerais, arrastado por quatro cavalos onde estava amarrado, chicoteados para dispararem em direções opostas. Na seqüência veio Joaquim José da Silva Xavier, o Tiradentes, líder da Inconfidência Mineira, enforcado no Campo da Lampadosa, no Rio de Janeiro. Ele virou herói nacional com direito a muitos lugares com o seu nome, inclusive a principal praça da Ouro Preto, onde existe uma estátua dele onde todos os anos entreguistas de todos os naipes são condecorados com medalhas que leva o nome do movimento por ele liderado.


Quase ao mesmo tempo também em Minas os portugueses criaram o Distrito Diamantino, um quadrilátero que ficou isolado do resto do mundo e de onde até hoje são extraídos diamantes em profusão, na Boca do Vale do Jequitinhonha que permanece tão pobre quanto dantes, exceção de sua imensa riqueza cultural.

Na linha do tempo abramos um parêntese especial para o petróleo. É claro, o governo norte-americano se esforçou e muito para dizer que o cru não existia em território brasileiro, enviando técnicos com a cobertura da extinta revista “O Cruzeiro”, de propriedade de Assis Chateaubriand para negar essa possibilidade. Porém, encontraram pela frente nacionalistas do porte de Monteiro Lobato, do professor Osório da Rocha Diniz, de Bautista Luzardo, Jorge Ferraz, Gabriel Passos, Bento Gonçalves e outros, inclusive jornalistas, o que nos possibilitou caminhar da primeira descoberta em Lobato, na Bahia, até o pré-sal do governo atual dos petistas, lógico dando ensejo a que Washington reativasse a IV Frota no Atlântico Sul.

Enquanto isto o ouro e o ferro continuavam a ser surrupiados. Saint Jon Del Rey Mining Company, Bethelem Steel e Hanna Corporation, as duas últimas transformadas em Minerações Brasileiras Reunidas – MBR – continuavam e dá continuidade à festa, sem cortar a oportunidade de todos os entreguistas continuarem a discursar todo 21 de abril em frente a estátua de Tiradentes na praça que leva o nome dele em Ouro Preto.

Aí fingiram descobrir a Amazônia e seu imenso potencial hídrico – futura causa de guerras – e as reservas minerais e um fabuloso banco genético ativando os movimentos conservacionistas e pro indígenas. Porquê eu digo fingiram descobrir. Porquê no Curso de Estudos Superiores de Planejamento Estratégico – CESPE – criado pelo doutor Milton Fortes da Silva, uma espécie de doutorado da Polícia Civil de Minas Gerais, hoje extinta ou quase -  o quadro permanente de professores era o mesmo quadro permanente de professores da Escola Superior de Guerra – ESG.  Sendo Minas Gerais um Estado de Inteligência Proibida, o curso de repercussão internacional foi extinto.

Porém, antes disto acontecer participei de uma aula ministrada pelo professor Roberto Mafra, da Escola Superior de Guerra – ESG - ele disse aos alunos que pouco depois do início do século passado uma expedição da Marinha de Guerra dos Estados Unidos da América do Norte havia invadido o território brasileiro, navegando pelas águas do Rio Amazonas, retirando-se após protestos registrados pelo governo brasileiro de então. 

Na mesma ocasião, o professor Roberto Mafra informou aos alunos oriundos de todas as categorias profissionais existentes na sociedade mineira que os norte-americanos treinam boinas verdades – guerreiros de selva - a partir da base de Makuria, em plena selva amazônica da Guiana Inglesa. Guerreiros de selva por guerreiros de selva sou mais os brasileiros, mas os EUA e a Inglaterra têm arsenais atômicos e drones, enquanto as Forças Armadas brasileiras em termos de armamentos se vêm inferiorizadas diante da cobiça internacional. Razão pela qual defendo o Brasil ter o seu arsenal nuclear sem o qual nunca seremos respeitados e nossas pretensas riquezas não serão nossas.

Na mesma linha do tempo chegou a vez do Nióbio, um dos minerais mais raros do mundo e uma exclusividade brasileira com as maiores incidências em São Gabriel da Cachoeira, no norte do País e principalmente Araxá, no Alto Paranaíba, em Minas Gerais. Tão importante, que a secretária de estado norte-americana, Hilary Clinton, declarou para o mundo sem o menor constrangimento que Araxá integra-se às áreas de interesse estratégico dos Estados Unidos da América do Norte.

E no afã de ser presidente da República, custe o que custar, o ex-governador de Minas e atual senador mineiro Aécio Neves, sem haver um processo de licitação, renovou por mais trinta anos um contrato que beneficia a CBMM, empresa entregue por seu avô ao notório entreguista Walther Moreira Sales, suplantado somente pelo ex-ministro Roberto Campos, o Bob Fields. Mas no próximo dia 21 de abril o senador Aécio Neves deverá estar em Ouro Preto, aos pés da estátua de Tiradentes, falando em nacionalismo, bem como o palerma do Antônio Anastasia, preposto em forma de governador de Minas. Ao tempo de Fernando Henrique Cardoso e Hélio Garcia, o ex-ministro Marcílio Marques Moreira não se pejou de um passado 21 de abril dizer estar ali representado o capital internacional.

Mas a sociedade brasileira começa a reagir a tal situação; Talvez cônscia de que muito mais que os genes de Tiradentes, sobraram no Brasil genes de Joaquim Silvério dos Reis, o traidor da Inconfidência Mineira que, se formos procurar com maior cuidado encontraremos na genética de muita gente que se diz boa por aí. 

Libertas quae sera tamem.

Este espaço é permanentemente aberto ao democrático direito de resposta a todas as pessoas e instituições aqui citadas.



Sintonia Fina
Geraldo Elísio escreve no "Novojornal". Prêmio Esso Regional de jornalismo, passado e presente embasam as suas análises

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