9 de fev. de 2013

MAÍLSON, O CAFAGESTE: (80% DE INFLAÇÃO) PEDE JUROS MAIS ALTOS


Num artigo em que foi, ao menos, sincero, o ex-ministro da Economia no governo Sarney (inflação de 80% ao mês), e que hoje é consultor e colunista da revista Veja, diz que a presidente Dilma Rousseff destruiu a credibilidade do Banco Central e deveria parar de jactar-se da queda dos juros, uma política que estaria afundando a imagem do banco; síndrome de abstinência?

Nunca é demais lembrar: enquanto Maílson da Nóbrega foi ministro da Fazenda, no fim do governo Sarney, a inflação chegou a 80% ao mês. A despeito dos resultados da política "feijão com arroz", Maílson conseguiu quase um milagre: converteu-se em consultor de sucesso, com sua empresa Tendências, e passou a distribuir palpites em vários jornais e revistas até se tornar colunista da revista Veja.
Em seus artigos, prevalece, quase sempre, o ponto de vista de acionistas/investidores, que podem, eventualmente, vir a ser também seus clientes. Maílson foi contra a redução dos juros e das tarifas de energia. E neste fim de semana chega a pedir, de forma enfática, que o Banco Central volte a subir as taxas básicas da economia.
Na coluna "Quem manda no Banco Central?", ele afirma que a instituição perdeu sua autonomia e hoje se subordina aos desígnios da presidente Dilma Rousseff. "Há sinais de que o Banco Central recebe ordens de cima", afirma. "A presidente Dilma dá a entender que a queda da taxa de juros foi decisão sua e não do Comitê de Política Monetária", diz.
Em seguida, ele passa a apontar a destruição da credibilidade da instituição. "Acontece que não é correto submeter uma agência reguladora como o BC ao comando do governo da hora (…) A percepção de que o BC é submisso ao governo se espalhou aqui e no exterior".
E, no fim, Maílson finalmente chega no ponto desejado, ao condenar a redução dos juros e pedir taxas mais elevadas. Diz ele que só não houve um desastre com a queda da Selic porque a conjuntura internacional evitou que isso ocorresse – detalhe: na Europa e nos EUA as taxas são praticamente negativas. "O dano se limitou à credibilidade do BC". 
Maílson, no entanto, diz que ainda há tempo para restabelecer "a credibilidade e a autonomia operacional do BC". Como? Subindo os juros, claro. "Dilma poderia aproveitar para deixar de jactar-se da queda dos juros. Isso agrada a correntes que criticam o BC, mas afunda a imagem do banco. O silêncio tem seu simbolismo. Seus auxiliares deveriam calar-se sobre o tema e parar de acusar de ter saudade dos juros altos quem deles diverge".
Aparentemente, bateu uma síndrome de abstinência nos setores que vivem do rentismo e têm, em figuras como Maílson, alguns de seus principais porta-vozes.
Sintonia Fina

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