Policiais militares estão sendo executados barbaramente, os números do crime crescem no Estado de São Paulo, e a cúpula da segurança pública teme uma repetição dos ataques promovidos pelos criminosos do PCC em 2007.
Cinco anos se passaram desde os dias em que a capital foi transformada numa praça de guerra e parece que nada mudou: a PM continua com sua política de execução de suspeitos, os bandidos mostram que ainda estão organizados, e a população se sente cada vez mais aterrorizada com a situação.
Os arrastões nos restaurantes se tornaram rotina. O governador e as autoridades policiais, impotentes, jogam a responsabilidade para a solução do problema nas vítimas - elas devem se organizar para combater os assaltantes, dizem, com um cinismo inacreditável.
Antes, havia no cidadão comum uma sensação de insegurança no dia a dia na metrópole. Hoje, para infelicidade de todos, a insegurança é real e, pior, ela cresce assustadoramente.
É impossível não lembrar que o mesmo grupo político manda e desmanda em São Paulo há décadas - e estamos falando do Estado mais rico da federação, que exibe números dignos de um país do Primeiro Mundo.
A conclusão só pode ser que ou esse grupo político não liga a mínima para o exercício de suas funções ou é absolutamente incompetente.
Seja qual for o caso, é muito estranho que ninguém entre aqueles que têm autoridade para isso, faça nada para imputar a tais pessoas a responsabilidade pelo que ocorre nas terras bandeirantes.
Sem direito de defesa
Há uma clara tentativa de justificar o golpe que destituiu o presidente paraguaio Fernando Lugo usando o fato de que seu governo era uma porcaria e não tinha mais apoio popular. A Constituição do país permite que maus presidentes passem por um processo de impeachment - e esse foi justamente o caso de agora.
Mas ninguém que condenou o golpe está dizendo que Lugo era um bom presidente. Ninguém está fazendo esse juízo de valor. A destituição de Lugo se caracterizou como um golpe porque ele teve apenas duas horas para se defender das acusações e todo o processo durou só 24 horas. Nem por mágica ele teria alguma chance de apresentar uma defesa sequer razoável.
Lugo pode mesmo ter feito um governo ruim, pode mesmo ter traído as promessas que o levaram à vitória na eleição, pode mesmo ter perdido todo o apoio do povo. Isso não importa. O que interessa é que um dos pilares da Justiça numa democracia é o amplo direito de defesa - que foi negado a ele.
Só por isso, apenas por isso, ele não sofreu um impeachment constitucional, mas foi vítima de um golpe parlamentar.
Sintonia Fina
- com Crônicas do Motta
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