Veja aqui o que o Partido da Imprensa Golpista (PIG) não mostra!
A Europa pode respirar aliviada. Tudo continuará do mesmo jeito. Com a derrota "in extremis" dos esquerdistas do Syriza nas eleições gregas do último domingo, a União Europeia poderá continuar sua bem-sucedida farsa visando levar a opinião pública mundial a crer que os gregos são os únicos responsáveis por uma crise que eles não inventaram.
A diretora-geral do FMI poderá continuar afirmando que tem mais dor no
coração pelo sofrimento dos filhos dos nigerianos do que pelos filhos
dos gregos, mesmo que não faça absolutamente nada para salvar um ou
outro.
Por fim, os economistas, preocupados em continuar a trabalhar e fazer
consultorias para bancos e fundos de investimento, continuarão a
creditar toda a destruição pela qual passa a Grécia à "gastança"
excessiva do Estado e à "preguiça" dos povos do Sul.
Durante toda a campanha, a imprensa mundial criou uma dicotomia
sintomática entre os partidos "pró-europeus" (no caso, a direita da Nova
Democracia e a social-democracia do Pasok) e os "antieuropeus", Syriza à
frente.
Mas a boa pergunta é: o que significa, nesse contexto, "ser europeu"?
Uma associação entre os que partilham esperanças de cosmopolitismo,
igualdade social e segurança para os mais vulneráveis? Ou um clube
daqueles que permitem a condução da economia de seus países pelos
imperativos de salvação do sistema financeiro internacional?
Como se não bastasse a destruição da Europa após a espoliação de
recursos públicos para salvar bancos falidos, vemos agora o sequestro de
seu significante. Daqui para a frente, "Europa" significa: "aqueles que
aceitam jogar, até a morte, as regras de um jogo econômico no qual a
destruição social é compensada pela xenofobia".
Nas eleições gregas, os verdadeiros europeus eram do Syriza, pois eles
representavam o histórico de lutas sociais que marcaram o continente.
Suas propostas sobre a dívida grega consistiam, em larga medida, na
aplicação das mesmas condições das quais a
Alemanha se beneficiou após a Segunda Guerra Mundial: prazo distendido
de pagamento, possibilidade de usar o dinheiro emprestado para
investimentos públicos, cláusulas de salvaguarda para políticas sociais,
entre outras. Mas isso era pedir demais.
Enquanto isso, a única nação que conseguiu recuperar-se da crise
econômica foi a Islândia: um país que se recusou a usar dinheiro público
para pagar a dívida de seu sistema bancário, que impôs controle de
capital e estatizou todas as operações domésticas de seus bancos. Uma
nação que, simplesmente, não existe no mapa da maioria dos analistas
econômicos.
Sintonia Fina
- com O Esquerdopata
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