Por Jorge Furtado
Do Zero Hora
“Não houve conversa nenhuma”
Nelson Jobim, ex-ministro da Defesa
Anfitrião do encontro entre o ex-presidente Lula e o ministro Gilmar Mendes, o ex-ministro da Defesa Nelson Jobim negou a Zero Hora que em algum momento o petista tenha pedido o adiamento do julgamento do mensalão. Segundo Jobim, a conversa entre eles durou cerca de uma hora, na manhã do dia 26 de abril, em seu escritório em Brasília. O ex-ministro foi enfático ao afirmar que o ex-presidente jamais fez qualquer proposta a Mendes envolvendo o mensalão e disse que negou à revista Veja que esse tenha sido o teor da conversa. Jobim falou com ZH ontem à tarde, por telefone, enquanto se dirigia ao aeroporto, no Rio, de onde regressaria a Brasília.
ZH – Lula pediu ao ministro Gilmar Mendes o adiamento do julgamento do mensalão?
Nelson
Jobim – Não. Não houve nenhuma conversa nesse sentido. Eu estava
junto, foi no meu escritório, e não houve nenhum diálogo nesse sentido.
ZH – Sobre o que foi a conversa?
Jobim
– Foi uma conversa institucional. Lula queria me visitar porque eu
havia saído do governo e ele queria conversar comigo. Ele também tem
muita consideração com o Gilmar, pelo desempenho dele no Supremo. Foi
uma conversa institucional, não teve nada nesses termos que a Veja está
se referindo.
ZH – Por quanto tempo vocês conversaram?
Jobim – Em torno de uma hora. Ele (Lula) foi ao meu escritório, que fica perto do aeroporto.
ZH – Em algum momento, Lula e Mendes ficaram a sós?
Jobim
– Não, não, não. Foi na minha sala, no meu escritório. Gilmar chegou
antes, depois chegou Lula. Aí, saiu Lula e Gilmar continuou. Ficamos
discutindo sobre uma pesquisa que está sendo feita pelo Instituto de
Direito Público, do Gilmar. Foi isso.
ZH – Depois que Lula saiu, o ministro fez algum comentário com o senhor sobre o teor da conversa?
Jobim – Não. Não disse nada. Só conversamos sobre a pesquisa, para marcar as datas de uma pesquisa sobre a Constituinte.
ZH – Lula pediu para o senhor marcar um encontro com Mendes?
Jobim
– Sim. Ele queria me visitar há muito tempo. E aí pediu que eu
chamasse o Gilmar, porque gostava muito dele e porque o ministro sempre o
havia tratado muito bem. Queria agradecer a gentileza do Gilmar. Aí,
virou essa celeuma toda.
ZH – Há quanto tempo o encontro estava marcado?
Jobim
- Foi Clara Ant, secretária do Lula, quem marcou. Lula tinha me dito
que queria me visitar há um tempo atrás. Um dia me liga a secretária,
dizendo que ele iria a Brasília numa quarta-feira (25 de abril) e que,
na quinta, queria me visitar e ao ministro Gilmar. Ele apareceu lá por
volta das 9h30min, 10h. Foi isso.
ZH – Se não houve esse pedido de Lula ao ministro, como se criou toda essa história?
Jobim – Isso você tem de perguntar a ele (Gilmar), e não a mim.
ZH – O senhor acha que Mendes pode estar mentindo?
Jobim – Não. Não tenho nenhum juízo sobre o assunto. Estou fora disso. Estou te dizendo o que eu assisti.
ZH – Veja disse que o senhor não negou o teor da suposta conversa. Por que o senhor não negou antes?
Jobim – Como não neguei? Me ligaram e eu disse que não. Eu disse para a Veja que não houve conversa nenhuma.
Sintonia Fina
- com ContrapontoPIG
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