Por Altamiro Borges
Os banqueiros – sejam os dos EUA, da Europa ou do Brasil –
não têm jeito mesmo. Com a desregulamentação neoliberal, eles hoje exercem a
ditadura do capital financeiro e não aceitam qualquer redução nos seus lucros
estratosféricos. Diante das iniciativas da presidenta Dilma Rousseff para baixar as
taxas de juros, eles já tomaram outras medidas compensatórias para manter os seus altos
rendimentos.
Na semana passada, a Folha deu uma pequena nota que revela a
colossal ambição dos bancos. A matéria, assinada pelo repórter Marcelo Almeida,
mereceria manchete de capa. Temendo o desgaste, os bancos privados fingiram
seguir o exemplo do Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal, que cortaram as suas
taxas de juros. Mas, para compensar, eles elevaram as tarifas bancárias.
O roubo dos serviços bancários
“Os bancos privados subiram algumas das tarifas de serviços
mais usados pelos consumidores após anunciar as reduções nas taxas de juros
para empréstimos. Levantamento no Banco Central comparando dados de 2 de abril
e de 14 deste mês, após o corte nos juros, mostra que as tarifas cobradas para
saques de conta-corrente e poupança (feitos no guichê além do mínimo permitido
gratuitamente) subiram 11,88%”.
Já os extratos mensais feitos no caixa ou por outras formas
de atendimento pessoal tiveram alta de 14,21%, na média. “A tarifa que mais
aumentou foi a cobrada para venda de cheque de viagem ou emissão de cartão
pré-pago em moeda estrangeira. O valor dobrou: passou de R$ 21,2 para R$ 42,67.
Somando todas as tarifas, a alta média foi de 1,56%”.
Apuração e punição dos criminosos
Segundo a associação Pro Teste, os bancos condicionam a
oferta dos juros menores no crédito à adesão a um pacote com tarifas mais
elevadas. “A diferença de tarifa mensal no empréstimo pode dar um valor
expressivo, em alguns casos até tornar o empréstimo mais caro do que nas
condições anteriores”, explica Verônica Dutt-Ross, economista da entidade.
Diante da grave denúncia, a Federação Nacional dos Bancos
(Febraban) preferiu não se pronunciar.
O caso gritante mereceria uma rigorosa
apuração. Caso comprovado o roubo, o governo deveria tomar novas e duras medidas
contra os bancos “privados”.
Sintonia Fina
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