Carta Maior
“O primeiro dia de campanha de rua do pré-candidato José Serra, neste sábado, foi planejado
para passar uma imagem de popularidade e renovação. Nada melhor que uma
visita ao Centro Cultural da Juventude "Ruth Cardoso", na empobrecida
zona norte da capital, para colher cenas de integração entre o tucano e a
juventude da periferia.
O dia era ideal: um show
do rapper Criolo reunia centenas de moços e moças em fila que
serpenteava as instalações do centro em busca de ingressos. O tiro do
oportunismo saiu pela culatra do desgaste. Tão logo a figura do arestoso
ex-governador despontou no local, cercado de comitiva e câmaras para
colher cenas destinadas à propaganda eleitoral, irrompeu a espontânea,
esférica, densa e incontrolável catarata de vaias e apulpos. Serra
recolheu-se no interior do recinto em 'visita às instalações'. Inútil: à
saída, nova muralha de vaias e xingamentos ofuscaria a comemoração dos
30% de intenções de votos alardeados em seguida pelo Datafolha.
O
episódio simbólico da presença oportunista na periferia da capital deu
substancia a um teto de 35% de rejeição e demolidores 66% de descrédito
que cercam o nome de José Serra, onde quer que ele vá. Inclusive dentro
do seu próprio partido, como mostra a análise da editora de Política de
Carta Maior, Maria Inês Nassif, em sua coluna nesta pág (Leia também a
análise de Emir Sader e a coluna de Mauro Santayana sobre o cenário
político eleitoral; e o Blog das Frases, sobre a herança ruinosa do
comodato Serra/Kassab numa São Paulo que passou a contar com um novo
tipo de chuva: pedaços de concreto despencam de viadutos e pontes com
alarmante regularidade, por falta de manutenção).”
Sintonia Fina
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