A diferença entre a Petrobrás e a Chevron do Serra
Antes de mais nada, amigo navegante, reveja aqui aquele momento único da história do Entreguismo Universal: no WikiLeaks, Serra promete à Chevron, a do vazamento colossal, que vai lhe ENTREGAR o pré-sal.
Provavelmente, pelo mesmo preço por que ele e o Farol de Alexandria entregaram a Vale, nesse vídeo igualmente inesquecível.
Mas,
isso tudo teremos, breve, a oportunidade de analisar, quando Maia,
depois da sensacional decisão do Supremo (e da Ministra Weber), instalar a CPI da Privataria.
Veja agora o que disse o imbatível Fernando Brito, no Tijolaço:
Petrobras: quem não se comunica, se trumbica
Ontem,
um dia depois do anúncio, pela Petrobras, do vazamento de óleo no
Campo do Carioca, da Petrobras, já tinhamos tudo: sobrevôos, fotos
aéreas, inquéritos da Marinha, do Ministério Público…
O Ibama, que levou 15 dias para multar a Chevron, gastou só 24 horas para multar a Petrobras.
Que bom, porque é assim que
deve ser. O meio-ambiente é propriedade comum e todas as peassoas têm
não apenas o direito de serem informadas como o de cobrarem as
responsabilidades dos que operam atividades potencialmente danosas a
eles, como é a extração de petróleo.
E que diferença que aconteceu no campo do Frade, quando ficamos dias a fio dependendo só do que dizia a Chevron!
Cmo se disse aqui, logo que
ocorreu o fato, com a Petrobras seria muito diferente. Com a empresa
pública e brasileira, todos são “valentes”, não é?
Ninguém que conheça a empresa
tem, em qualquer momento, nenhuma dúvida quanto ao rigor com que a
petroleira brasileira trata a segurança de suas atividades.
É severíssima.
Não apenas porque é seu dever
ser, mas porque sabe que está no foco de um projeto de Brasil que, a
todo momento, querem inviabilizar e destruir.
Mas a comunicação da Petrobras,
embora tenha sido imediata, parece que não percebe a diferença que deve
existir quando se faz comunicação para uma empresa com estas
características.
Conquanto tenha avançado, em certa época, ela voltou a ser fechada, hermética, lacônica.
Nas contas dos comunicólogos, é informação “negativa” e sua quantidade deve ser minimizada.
As regras do manual da
“comunicação empresarial” , que servem bem a uma empresa privada, nem
sempre se adequam a uma empresa que tem como maior patrimônio a
confiança, a admiração e , até, o amor que lhe devota o povo brasileiro.
A Petrobras não terá lucro (ou menor prejuízo) de imagem limitando as informações à descrição de fatos e providências.
Deveria marcar sua diferença
-real – com os responsáveis por outros episódios e isso mais claramente
ficaria percebido se tudo fosse explicado em detalhes.
O que foi o acidente no litoral de São Paulo? Uma imperícia, uma “barbeiragem” operacional como no caso da Chevron? Não.
A linha de produção, onde
ocorreu o vazamento, é um duto entre o poço – onde está instalada uma
válvula, conhecida como “árvore de natal molhada” e o navio plataforma.
Este duto, conhecido como riser , foi o que apresentou vazamento.
É bem raro que isso ocorra, mas
nada tem a ver com o “poço” propriamente dito e, portanto, com sua
profundidade e características no subsolo. Ou seja, tanto faz se o poço é
no pré-sal ou no pós sal.
O que pode influir, sim, é a
profundidade da lâmina d´água, que determina a extensão do riser. Neste
caso, como era um poço pioneiro e o único ligado ao navio-plataforma, o
comprimento do riser é apenas um pouco maior que a profundidade do solo
marinho, que tem ali cerca de 2,1 km. A trajetória vertica do riser o
expõe a esforços provocados pelas correntes e por seu próprio peso. O
movimento do navio-plataforma, gerenciado por satélite, ajuda a
compensar estas pressões e, algum vezes, são usados flutuadores e
tensionadores, para evitar a formação de ângulos perigosos na junção
entre o duto e a válvula na “cabeça” do poço, onde há uma válvula.
Esta válvula é automaticamente
fechada quando se detecta uma variação de pressão no duto, que pode ser
causada, entre outras razões, por um vazamento. Isso é quase imediato e
até independente de ação humana.
Então porque vazaram cerca de
160 barris, e como se sabe desta quantidade? Esse é o petróleo contido
no extenso duto, que tem um diâmetro considerável – não foi informado,
mas é, seguramente, entre 4 e 6 polegadas, ou entre 10 e 15
centímetros,além de um pequeno diferencial que pode ser estimado tanto
pelo ponto de rompimento quanto pela vazão do duto que, no caso deste
poço, era muito alta, cerca de mil barris (perto de 160 mil litros) por
hora. Por mais rápidos que sejam a detecção e o fechamento da válvula,
com esse fluxo, a quantidade que escapa não é pequena.
Por isso, é uma bobajada dizer
que o pré-sal vazou ou que o poço vazou. O que vazou – e tem de ser
apurada com rigor a causa – foi o cano que leva o óleo do poço ao navio.
Se foi defeito do material do duto, dos conectores, da manobras de
posicionamento do navio-plataforma, é isso o que tem de ser descoberto e
corrigido.
E é isso que a Petrobras, a esta hora, deveria estar explicando, didaticamente, a todos.
E não deixar que a especulação
em torno do vazamento - na tubulação e imediatamente contido, enquanto
o da Chevron, no poço, está deixando escapar petróleo, em pequena
quantidade, até hoje – coloque sombras sobre o assunto.
Sintonia Fina
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