Bom era no tempo do Nem
Gravíssima
denúncia de um jornal piguento (pertence às Organizações (?) Globo) do
Rio:
Agora o PIG quer desmoralizar a Rocinha. Para o PIG
a Rocinha já não está mais dando certo (pela visão de São Conrado para
Rocinha). Acho que um filhote de urubu já fez ninho lá. Xô mau agouro!
Livre do tráfico, Rocinha entra em crise econômica
Na noite de 12 de novembro, Ana
Cláudia, de 36 anos, foi dormir com o coração cheio de esperança, como
qualquer morador da Rocinha. Dois meses após a ocupação policial, ela
tenta se equilibrar:
— O faturamento caiu pela
metade, e ainda pago mil reais de aluguel. Não pensei que a ocupação
afetaria o movimento. Duas manicures deixaram o salão e dispensei uma
pessoa que trabalhava na minha casa.
O movimento a que ela se refere
diminuiu por conta da proibição de bailes na comunidade, que ainda não
têm data para voltar a acontecer.
Para garantir o pagamento das
contas, ela baixou os valores cobrados pelos serviços no salão. O preço
da escova progressiva caiu de R$ 100 para R$ 75.
— Até pensei em voltar para o
asfalto, mas vou esperar. É uma fase de adaptação — acredita Ana
Cláudia, que já pensa em vender bijuteria e lingerie no salão Shalon
para aumentar a receita do estabelecimento.
Os dias também são de incerteza
para Rosângela Jesus Silva, de 48 anos. Dona do Isabella’s Coiffeur, na
Via Ápia, principal rua de comércio local, ela acreditava que a
freguesia aumentaria após a ocupação. Hoje, chora ao lembrar que há dias
em que atende apenas uma pessoa. A média diária era de 30 clientes.
— Aos sábados, fechava à
meia-noite. Essa semana, fui embora às 21h. Aos poucos, vejo meu sonho
acabar — diz, com lágrimas nos olhos.
Dona do salão há oito anos, ela procura alternativas.
— Já pensei em levar a loja
para Rio das Pedras. Mas vou procurar um ponto na rua. Ficar no segundo
andar pode estar atrapalhando — planeja a comerciante.
A crise na Rocinha não se
restringe a salões de beleza, nem aos exageros do choque de ordem. Parte
dos R$ 10 milhões que o tráfico lucrava mensalmente circulava no
comércio local. Esse dinheiro evaporou da noite para o dia. Além disso,
os moradores passaram a arcar com os custos da legalização, como o da TV
a cabo.
Sintonia Fina
via Conversa Afiada
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