“Passado um ano da presidência da
Dilma e com o livro do Amaury sendo boicotado pelos jornalões, que tal publicar
em seu blog o editorial do Estadão de
setembro de 2010 conclamando seus leitores ao voto no Serra?”
A sugestão acima foi do amigo
Osvaldo Ferreira, pelo Facebook. O “mal” a ser evitado era a presidenta Dilma
Rousseff, apoiada pelo presidente Lula. Mais uma vez o Lula estava certíssimo.
Leia o editorial do Estadão
de 25 de setembro de 2010. Os textos em negrito são do Limpinho.
O mal a evitar
A acusação do presidente da
República de que a imprensa “se comporta como um partido político” é obviamente
extensiva a este jornal. Lula, que tem o mau hábito de perder a compostura
quando é contrariado, tem também todo o direito de não estar gostando da
cobertura que o Estado, como quase
todos os órgãos de imprensa, tem dado à escandalosa deterioração moral do governo
que preside. E muito menos lhe serão agradáveis as opiniões sobre esse assunto
diariamente manifestadas nesta página editorial. Mas ele está enganado. Há uma
enorme diferença entre “se comportar como um partido político” e tomar partido
numa disputa eleitoral em que estão em jogo valores essenciais ao aprimoramento
se não à própria sobrevivência da democracia neste país.
Com todo o peso da
responsabilidade à qual nunca se subtraiu em 135 anos de lutas, o Estado apoia a candidatura de José Serra à Presidência da República, e
não apenas pelos méritos do candidato, por seu currículo exemplar de homem público e pelo que ele pode representar para a recondução do País ao
desenvolvimento econômico e social pautado por valores éticos. O apoio deve-se
também à convicção de que o candidato Serra é o que tem melhor possibilidade de
evitar um grande mal para o País.
Efetivamente, não bastasse o
embuste do “nunca antes”, agora o dono do PT passou a investir pesado na
empulhação de que a Imprensa denuncia a corrupção que degrada seu governo por
motivos partidários. O presidente Lula tem, como se vê, outro mau hábito:
julgar os outros por si. Quem age em função de interesse partidário é quem se
transformou de presidente de todos os brasileiros em chefe de uma facção que
tanto mais sectária se torna quanto mais se apaixona pelo poder. É quem é o responsável pela invenção de uma
candidata para representá-lo no pleito presidencial e, se eleita, segurar o
lugar do chefão e garantir o bem-estar da companheirada. É sobre essa
perspectiva tão grave e ameaçadora que os eleitores precisam refletir. O que
estará em jogo, no dia 3 de outubro, não é apenas a continuidade de um projeto
de crescimento econômico com a distribuição de dividendos sociais. Isso todos
os candidatos prometem e têm condições de fazer. O que o eleitor decidirá de
mais importante é se deixará a máquina do Estado nas mãos de quem trata o
governo e o seu partido como se fossem uma coisa só, submetendo o interesse
coletivo aos interesses de sua facção.
Não precisava ser assim. Luiz
Inácio Lula da Silva está chegando ao final de seus dois mandatos com níveis de
popularidade sem precedentes, alavancados por realizações das quais ele e todos
os brasileiros podem se orgulhar, tanto no prosseguimento e aceleração da ingente
tarefa – iniciada nos governos de Itamar Franco e Fernando Henrique – de
promover o desenvolvimento econômico quanto na ampliação dos programas que têm
permitido a incorporação de milhões de brasileiros a condições materiais de
vida minimamente compatíveis com as exigências da dignidade humana. Sob esses
aspectos o Brasil evoluiu e é hoje, sem sombra de dúvida, um país melhor. Mas
essa é uma obra incompleta. Pior, uma construção que se desenvolveu
paralelamente a tentativas quase sempre bem-sucedidas de desconstrução de um
edifício institucional democrático historicamente frágil no Brasil, mas
indispensável para a consolidação, em qualquer parte, de qualquer processo de
desenvolvimento de que o homem seja sujeito e não mero objeto.
Se a política é a arte de aliar
meios a fins, Lula e seu entorno primam pela escolha dos piores meios para
atingir seu fim precípuo: manter-se no poder. Para isso vale tudo: alianças
espúrias, corrupção dos agentes políticos, tráfico de influência, mistificação
e, inclusive, o solapamento das instituições sobre as quais repousa a
democracia – a começar pelo Congresso. E o que dizer da postura nada edificante
de um chefe de Estado que despreza a liturgia que sua investidura exige e se
entrega descontroladamente ao desmando e à autoglorificação? Este é o “cara”.
Esta é a mentalidade que hipnotiza os brasileiros. Este é o grande mau exemplo
que permite a qualquer um se perguntar: “Se ele pode ignorar as instituições e
atropelar as leis, por que não eu?” Este é o mal a evitar.
Sintonia Fina
via Limpinho e Cheiroso
via Limpinho e Cheiroso
"O jornalismo é, antes de tudo e sobretudo, a prática diária da inteligência e o exercício cotidiano do caráter"
(Cláudio Abramo)
(Cláudio Abramo)
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