O Sintonia Fina reproduz texto e comentários do Conversa Afiada. |
Diretor da Rio-2016 é suspeito de fraude
Delegado, também membro do comitê de 2007, é acusado de superfaturar equipamentos da competição
MARCO ANTÔNIO MARTINS
DO RIO
O atual diretor de segurança do
comitê organizador da Rio-2016, o delegado Luiz Fernando Corrêa,
ex-diretor-geral da Polícia Federal, foi convocado a dar explicações à
Justiça Federal em Brasília.
Corrêa, o delegado Odécio
Rodrigues Carneiro e mais três empresas respondem a uma ação de
improbidade administrativa que apura a contratação, sem licitação, do
consórcio Integração Pan.
Carneiro, que na quarta-feira
pediu demissão do cargo de diretor de logística da Secretaria de
Segurança para Grandes Eventos do Ministério da Justiça, foi
coordenador-geral de tecnologia e informação da PF durante os Jogos
Pan-Americanos realizados no Rio, em 2007.
Formado por 11 empresas, o consórcio foi criado para fornecer equipamentos de tecnologia à área de segurança do evento carioca.
O Ministério da Justiça pagou ao consórcio R$ 170 milhões pelos equipamentos.
Deste total, peritos do
Instituto Nacional de Criminalística da Polícia Federal conseguiram
rastrear compras no valor de R$ 40 milhões.
Descobriram que foram adquiridos equipamentos por 78% acima do valor estabelecido pelo mercado.
Ou seja, esses produtos poderiam ter sido comprados por R$ 22 milhões.
Os peritos da PF não
conseguiram analisar os R$ 130 milhões restantes, já que muitos dos
equipamentos utilizados em tecnologia de informação do Pan foram
importados, e os preços variaram muito em quatro anos.
De acordo com a lei, mesmo
quando há dispensa de licitação, o órgão do governo precisa realizar uma
pesquisa para saber se o preço pago não é abusivo.
A defesa dos suspeitos tem 15
dias para prestar esclarecimentos ao juiz Antonio Cláudio Macedo Silva,
da 8ª Vara Federal de Brasília.
O Ministério Público Federal pediu a indisponibilidade dos bens dos suspeitos e o ressarcimento à União.
A decisão da Justiça acontece
depois de ser apresentada a defesa. “Não foi feita nenhuma análise de
preços para saber se eram compatíveis com o material que estava sendo
adquirido. Isso afasta a boa-fé”, afirma o procurador Paulo Galvão.
Um parecer da consultoria
jurídica do próprio Ministério da Justiça foi contrário à compra dos
equipamentos da forma como foi feita.
Parte da ação judicial, que começou em 2007, está em sigilo decretado a pedido do próprio Ministério da Justiça.
A alegação é que, como envolve a
compra de equipamentos de informática usados até para a interceptação
telefônica, poderia ameaçar a segurança nacional.
Os documentos do Ministério da Justiça anexados ao processo trazem o carimbo de confidencial.
Por isso, não podem ser revelados os nomes das empresas e quais equipamentos foram adquiridos.
O que é público é que o consórcio Integração Pan foi liderado pela Motorola.
Entre as outras participantes
do consórcio está a ISDS (International Security & Defense Systems),
empresa israelense que tem em seu portfólio equipamentos para o combate
ao terrorismo.
Agora, o post foi acrescido desta
singela Navalha, uma homenagem ao trabalho do “Privataria – II”, próximo
livro do Amaury, que, de certo, tratará da Satiagraha (e a tentativa de
sepultá-la):
Corrêa é aquele que até hoje não achou o áudio do grampo da “conversa” entre Gilmar Dantas (**) e o senador Demóstenes Torres.
Foi esse áudio providencial que ajudou a derrubar o ínclito delegado Paulo Lacerda da ABIN.Clique aqui para ler “Peluso foi quem chamou Lula às falas”.
O trabalho de Corrêa foi referendado pelo Ministro cerrista Nelson Johnbim, que produziu uma babá eletrônica para assustar o Presidente Lula.
(Esse foi um dos (poucos) momentos sombrios do Governo do Nunca Dantes: dar a cabeça do Paulo Lacerda, diante de uma fraude vulgar.)
Corrêa é aquele que perseguiu implacavalmente o delegado Protógenes Queiroz.
Agora, acharam o Corrêa.
Corrêa é aquele que, dias antes do desfecho da Operação Satiagraha, dirigia a Polícia Federal que tentou impedir o corajoso Juiz Fausto De Sanctis de mandar prender o Daniel Dantas.
Corrêa é aquele que dirigia a Polícia Federal, que, horas antes do desfecho da Satiagraha, tentou impedir, aos gritos e palavrões, o ínclito delegado Protógenes Queiroz de prender o Daniel Dantas.
Corrêa é aquele que, desde a saída de Paulo Lacerda, desmobilizou os quadros da Polícia Federal para impedir que Protógenes Queiroz pudesse investigar Daniel Dantas.
Corrêa gosta de ilhas no litoral baiano.
Gosta de ir ao Marrocos.
Agora, meteu-se com a Copa do Mr. Teixeira.
O Ministro Zé – aquele que os amigos de Dantas chamam de “Zé” – Zé Cardozo bem que poderia abrir o sigilo fiscal e bancário de Corrêa antes e depois da Satiagraha.
A Casa Grande começa a pegar fogo, Zé.
PHA
Sintonia Fina
"O jornalismo é, antes de tudo e sobretudo, a prática diária da inteligência e o exercício cotidiano do caráter"
(Cláudio Abramo)
(Cláudio Abramo)
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