PRESIDENTA DILMA, OLHE POR SEU POVO
A presidente Dilma Rousseff assinou
nesta sexta-feira (23) o decreto que determina o valor de R$ 622,00 para
o salário mínimo a partir de janeiro de 2012. São 77 mangos a mais do
que os R$ 545,00 de hoje – ou 14,13%.
Já
o salário mínimo mensal necessário para manter dois adultos e duas
crianças deveria ser de R$ 2.349,26 – em valores de novembro de 2011. O
cálculo é feito, mês a mês desde 1994, pelo Departamento Intesindical de
Estatística e Estudos Econômicos (Dieese).
Para
calcular o valor, o Dieese considera, de acordo com a Constituição. Ou
seja: “salário mínimo fixado em lei, nacionalmente unificado, capaz de
atender às suas necessidades vitais básicas e às de sua família, como
moradia, alimentação, educação, saúde, lazer, vestuário, higiene,
transporte e previdência social, reajustado periodicamente, de modo a
preservar o poder aquisitivo, vedada sua vinculação para qualquer fim”,
Mas
como todos sabemos, o artigo 7º, inciso IV da Constituição Federativa
do Brasil, que prevê isso, é uma das maiores anedotas que temos na
República.
O governo federal
atrelou o ritmo de crescimento do PIB ao do salário mínimo, na tentativa
de resgatar seu poder de compra. O combinado prevê reajustes baseados
na soma entre a inflação e a variação do PIB. Como o PIB foi bom em
2010, o aumento será mais significativo.
Mas estamos longe de garantir
dignidade com esse “mínimo de brinquedo”. Nas grandes cidades, são
poucos os que recebem apenas o mínimo. Contudo, ele ainda é referência
para remunerações em muitos lugares, sem contar que milhões de famílias
dependem do mínimo pela Previdência Social.
Ninguém
está pregando aqui a irresponsabilidade fiscal geral e irrestrita, mas o
aumento do salário mínimo é uma das ações mais importantes para a
qualidade de vida ao andar de baixo. Afinal de contas, salário mínimo
não é programa de distribuição de renda, é uma remuneração mínima – e
insuficiente – por um trabalho. Não é caridade e sim uma garantia
institucional de um mínimo de pudor por parte dos empregadores e do
governo.
A evolução no valor de
compra do mínimo desde o Plano Real mostram que estamos melhorando. O
problema é que saltos no gráfico não revelam que, na média, o salário
mínimo continua uma desgraça sem vergonha.
Acordei
pensando o que deve passar pela cabeça de uma pessoa que mora no
interior do país, recebe pouco mais de um mínimo e tem que depender de
programas de renda mínima para comprar o frango do Natal, quando vê na
sua TV velha a notícia de juízes que receberam, de uma só vez, centenas
de milhares de reais em pagamentos atrasados de auxílio-moradia, se
defendendo de críticas falando de Justiça.
E, pouco depois, no mesmo
telejornal, a notícia de que o Estado, em sua magnanimidade, lhe dará a
garantia de mais R$ 77,00 ao final do mês.
Naquele
momento, alguns engolem o choro da raiva ou da frustração e torcem para
a novela começar rápido e poderem, enfim, esquecer de tudo aquilo. Não
porque precisam se mostrarem fortes – sabem que são. Mas porque também
sabem de que de não adianta se indignar. Afinal de contas, o país não é
deles mesmo.
Sintonia Fina via Sakamoto
"O jornalismo é, antes de tudo e sobretudo, a prática diária da inteligência e o exercício cotidiano do caráter"
(Cláudio Abramo)
(Cláudio Abramo)
Nenhum comentário:
Postar um comentário