...PRECISAMOS SEGUIR OS BONS EXEMPLOS...
PIG FICA CONTRA,COMO SEMPRE, QUANDO SE FAZ ALGO PELO POVO
O ditador argentino Jorge Videla e a "Roberto Marinho" do Clarin, Ernestina Noble, brindam pela compra da Papel de Prensa S.A |
Embora não haja
qualquer sinal de que possamos ter por aqui qualquer arremedo de
legislação que regule democraticamente as concessões públicas na área
de comunicação – as concessões, nada a ver com liberdade de imprensa ou
de expressão – o jornal O Globo, hoje, age daquela forma descrita no
popular ditado de “colocar as barbas de molho, porque as do vizinho
estão em chamas”.
O vizinho, no caso, é o Clarín,
um conglomerado semelhante ao que é aqui a Globo, com TV, rádios,
jornal, internet, produtoras de filmes e agência de notícias. E que,
como a Globo, vicejou à sombra da ditadura, como um cogumelo, para
relembrar a expressão usada por Leonel Brizola.
Ano
passado, o Congresso argentino aprovou e a presidenta Cristina Kirchner
sancionou a Lei de Serviços de Comunicação Audiovisual, que estabelece
regras para o concentradíssimo sistema de rádio e televisão no país.
Para entende-lo, é preciso saber que a televisão argentina é,
basicamente, a cabo. Só em sete cidades, além de Buenos Aires, onde há
cinco canais de TV aberta, há emissoras de recepção livre.
A nova lei
atacou de frente a concentração da propriedade nos meios de comunicação,
estabeleceu parcelas mínimas de conteúdo nacional, de produção das
próprias emissoras e de produtoras intedendentes, além de reservar um
terço do espectro radioelétrico para organizações sem fins lucrativos.
É
esse o fundo da ordem judicial que determinou a intervenção - na
Cablevisión, uma das empresas de TV a cabo - que é a TV de 70% dos
argentinos. A reação do pessoal grupo obrigou a Justiça a requerer
garantias policiais, que não partiram, portanto, do Executivo.
A
batalha se dá agora em torno da Papel Prensa SA, uma empresa criada por
uma associação entre grupos privados e o Estado argentino. Durante a
ditadura, as ações da empresa que pertenciam ao grupo Graiver – logo
após a morte de seu líder David Graiver, num mal-explicado acidente de
aviação- o controle da empresa foi transferido, por preço irrisório e
depois de seus integrantes serem detidos sob acusação de colaborar com
os Montoneros – para o Clarín e o La Nacion, unha e carne com o regime militar.
Independente
das obscuridades do passado, os dois jornais se beneficiavam hoje de
duas vantagens que os demais não tinham. A primeira, compravam grandes
quantidades antes de estabelecerem aumentos de preço; a segunda,
recompravam seus encalhes quase ao preço de capa, revendendo-os para a
empresa, com o fim de reciclagem.
Ontem o Senado argentino aprovou lei
determinando que o comércio de papel de jornal é de interesse público.
Isso não quis dizer estatizá-lo, desapropriando a empresa, mas que serão
fixados preços únicos para a venda de papel a qualquer empresa pelo
mesmo preço e o mesmo para a recompra para reciclagem.
É a isso que chamam de “atentado à liberdade de imprensa”.
Lá,
como aqui, os privilégios obtidos com o convívio com o poder –
especialmente com o poder autoritário – deixaram torta a boca da mídia.
Não é novidade. Aqui, Samuel Wainer foi linchado pela imprensa por ter a
Última Hora empréstimos no Banco do Brasil, embora todos – Globo, Diários Associados e até a Tribuna da Imprensa de Carlos Lacerda – os tivessem, e muito maiores.
É por isso que, mesmo com léguas a nos separar do que se passa na Argentina, o Clarín brasileiro reage com tanta violência.
Relembre aqui como Serra, na constituinte, isentou de impostos o papel de imprensa de seus amigos...
Sintonia Fina - Com Texto Livre
"O jornalismo é, antes de tudo e sobretudo, a prática diária da inteligência e o exercício cotidiano do caráter"
(Cláudio Abramo)
(Cláudio Abramo)
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