Com
a queda do ministro do Trabalho, Carlos Lupi, a presidente Dilma
Rousseff perdeu seu sexto ministro por suspeitas de corrupção, caso
inédito na história do Brasil. Contudo, analistas afirmam que isso não
afetará muito a imagem de uma presidente blindada contra os escândalos
graças em parte a sua gestão econômica.
"Aqui
não existe um quadro de crise porque os ministros perdem seus postos,
mas seus partidos mantêm os ministérios. Rousseff soube tratar estes
escândalos sem desmantelar sua coalizão", disse o diretor da consultoria
política Análise, Carlos Lopes. A percepção generalizada é a de que a
"presidente age mais rápido contra os políticos corruptos do que seus
antecessores, que ela é menos tolerante com as irregularidades", disse
Rafael Cortês, pesquisador político do centro de análises Tendências.
Dilma
governa com uma coalizão integrada por mais de dez partidos, já que o
PT possui 85 de 581 deputados. Seguindo uma tradição política, a
presidente assegura o apoio no Congresso em troca de participação no
poder. Apesar dos escândalos, sua popularidade superava 70% no final de
setembro e, segundo as consultorias Análise e CAC, não se espera um
deterioração significativa de sua imagem. Cada ministro que perdeu o
posto foi substituído por outro membro de seu partido, o que permitiu a
Dilma "manter o controle do governo" e reduzir o impacto de escândalos,
protagonizados em grande parte por pessoas provenientes do governo Lula,
disse o cientista político e sociólogo André Pereira, da consultoria
CAC.
Ela "já ganhou confiança no
cargo. Quando surge um escândalo deixa os ministros cair, e os
substitui, seguindo um acordo com os partidos. Para ela, a prova de fogo
não é a política, e sim a economia", afirmou Alberto Almeida, cientista
político da Análise. "A maior blindagem política da presidente é a
economia. Enquanto os brasileiros não sentirem o efeito da crise, tudo
estará sob controle. Além disso, Rousseff governa com uma oposição muito
fraca, que não oferece uma alternativa por enquanto", afirmou André
Pereira.
O governo adotou uma
série de medidas para evitar que a crise da dívida na Europa e que as
dificuldades dos Estados Unidos comprometam seu crescimento, sustentado
no vigoroso mercado interno e na venda de matérias primas, sobretudo
para a China. A queda dos ministros adiantou parte da reforma de
gabinete que Dilma planeja realizar em janeiro de 2012, quando completa
seu primeiro ano de governo.
"As
demissões não parecem que podem desestabilizar a coalizão, nem gerar uma
paralisia no Congresso. Dilma seguirá mantendo a estabilidade política e
poderá se concentrar na economia", disse Cortês. Segundo os
especialistas, parte da explicação de que a mudança de ministros não
afeta o governo está no fato de a corrupção ainda estar começando a ser
vista como um problema na cultura política do Brasil. Neste ano surgiu
no Brasil um movimento social contra a corrupção que mobilizou dezenas
de milhares de pessoas em várias cidades, exigindo que leis para
combater este problema, como a Ficha Limpa, sejam respeitadas e
fortalecidas.
Sintonia Fina via Com Texto Livre
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