Europa 'pedinte' não pode escolher a quem pedir, diz analista
Rogerio Wassermann
Enviado especial da BBC Brasil a Cannes
Os países europeus em dificuldades
financeiras tentam a partir desta quinta-feira, na reunião de cúpula do
G20 realizada em Cannes, na França, convencer os grandes países
emergentes, como o Brasil e a China, a ajudá-los. Para analistas ouvidos
pela BBC Brasil, os europeus devem deixar de lado um possível orgulho e
admitir que não têm condições de deixar a crise sozinhos.
"Pedintes não podem escolher a
quem pedir", afirma John Kirton, professor da Universidade de Toronto e
diretor do G20 Research Group, que se dedica a acompanhar e analisar a
atuação do grupo que reúne as principais economias do planeta.
Para ele, as resistências na
opinião pública europeia à busca de ajuda entre os antigos "pobres" e a
possível submissão às condições impostas para essa ajuda, como ter de
seguir a cartilha de políticas do FMI, devem ser deixadas de lado por
conta da necessidade.
"Certamente os italianos, por
exemplo, não gostariam de receber ordens do Brasil ou da Rússia, mas se a
Itália não conseguir equilibrar suas contas irá à falência e precisará
de um resgate. E os países desenvolvidos sozinhos não têm condição de
resgatá-los, quem pode fazer isso é o G20", diz.
Uma
posição semelhante foi manifestada por Thomas Bernes, diretor-executivo
do Centro para Inovação em Governança Internacional (CIGI) e
especialista em G20. Para ele, "o orgulho europeu será ferido, mas há um
crescente reconhecimento de que mais esforços serão necessários para
conter a crise".
Nenhum comentário:
Postar um comentário