Quem é o policial e quem é o jornalista ?
Francisco
Enviado em 07/11/2011
Sou historiador. Muito da narrativa histórica se faz a partir dos relatos jornalísticos (peneirados, claro).
Daqui a trinta anos, os
historiadores vão concluir que durante os últimos dez anos não houve
teatro, nem cinema nacional, não se publicou livro, nem se pintou
quadro. Não houve nenhum grupo de jovens propondo mais uma vez (como é
natural e necessário na juventude) que toda a arte seja revista. Ninguém
cantou, ninguém arquitetou nada (haverá boatos sobre uma ponte com três
quilômetros e meio de extensão, por exemplo), ninguém criou. Não se
saberá (como não se sabe já agora) que nalgum morro, alguém compôs um
samba que, ouvido, poderia ser um novo clássico da alma brasileira.
Tudo o que se saberá é que
houve sangue e morte nos lugares onde negros moram. Se saberá também que
houve apresentadores de programas jornalísticos especializados nisto:
morte e sangue. Se saberá que ganhavam muito bem.
A TV brasileira tem algum
problema grave. Assim como mulher não é redutível a bunda, humor a
humilhação e música a cifras, também uma nação de oito milhões de
quilômetros quadrados e cento e noventa milhões de boa gente não se
reduzem a cem quilômetros quadrados e trafico de drogas.
O povo brasileiro é mais que isso.
É fácil conhecer lugares do
país onde o último crime aconteceu há vinte anos e foi gente da “cidade
grande” que o foi cometer. Os “jornalistas” locais o detalham anos a fio
nas rodas de conversa. Dizem assustados: “esse mundo esta perdido…”.
Dizem aterrorizados: “aqui esta pior que no Rio, pior que em São
Paulo!”. O jornalista da Band morreu em serviço. Quem matou?
A cidade grande.
Leonidas de Souza
Enviado em 07/11/2011
Quem matou o jornalista da Band foi a promiscuidade entre as Polícias e a grande Mídia.
Alguém já se perguntou porque a Globo tem prioridade nas investigações da Polícia Federal?
Toda semana a Globo divulga no
Fantástico e no Jornal Nacional reportagens exclusivas mostrando
depoimentos, documentos, etc sobre investigações da Polícia Federal, na
maioria sob segredo de Justiça.
O que a Globo oferece em troca, reportagens elogiosas sobre as operações da PF?
Esse “uma mão lava a outra”, é mais que evidente.
Esse sistema de troca deve funcionar para todas as polícias e quem furar, vai sofrer uma campanha feroz contra.
Até o Exército americano já adotou esse sistema, como assistimos na invasão do Iraque.
O Exército americano levava os
“jornalistas” para documentarem suas operações, montando cuidadosamente
os cenários para que a Mídia mostrassem a opinião pública suas ações de
modo favorável a invasão, principalmente sobre as tais armas de
destruição em massa.
O problema é que as vezes não dá para combinar com o inimigo e alguns desavisados morrem.
Aí, entra em cena o velho e bom corporativismo.
Sintonia Fina - Conversa Afiada
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