27 de jun. de 2013

OS CONSERVADORES CAPTURARAM A DILMA



Por Paulo Henrique Amorim

Curva perigosa à direita – dizia uma das placas.
O Conservadorismo é o grande vencedor das manifestações.
Isso não é paradoxal.

Não há protesto de 100 mil, 500 mil a favor.



O Movimento Passe Livre foi para a rua protestar contra o Haddad e contra Dilma.

A violência da PM de São Paulo e a Rede Globo multiplicaram o fenômeno.

A Globo percebeu o sentido anti-Haddad e anti-Dilma do protesto 
e o encampou, apoiou, cobriu e lhe deu tela plana, com LSD e em HD.

A Globo passou a cobrir a anomia, o des-Governo até derrubá-lo.

Como dizia aquele amigo, velho comunista, que não caiu na 
esparrela do PPS: isso aí não dá em nada, ou derruba o Governo.

Acertou.

Derrubou o Governo Dilma e botou no lugar outro Governo Dilma.

O trabalho político passou a se desenvolver na arena da Copa das Confederações.

Por que a Copa passou a ser o alvo ?

Porque a Globo ganha com ela de qualquer jeito e em qualquer lugar: 
no Maracanã, na África do Sul ou na Coreia.

E para os conservadores e a Globo, a Copa tem uma maldição de origem: 
o Lula trouxe a Copa e a Dilma a realizará.

O Governo se deixou cercar.

O Governo se trancou na Economia.

E a Economia, como a Guerra, é sub-capítulo da Política 
(já ouvi isso em algum lugar).

O Governo Dilma não tem canal de voz ou de expressão.

É um leão sem dentes.

Sem microfone.

As redes sociais, claro, aglutinaram os manifestantes.

Mas, Facebook não é urna.

As manifestações se diziam apartidárias e horizontais.

Sem líderes.

Não há 100 mil pessoas apartidárias nas ruas.

A Globo deu o Partido e os líderes.

O partido da oposição e os líderes, seus âncoras pretensamente objetivos.

Esses jovens, fora os chamado “vândalos”, são brancos, estudantes 
e de classe média.

Ele tem uma renda maior do que os da Classe C que o Lula e a 
Dilma levaram para a classe média.

Eles devem muito pouco ou quase nada a esse processo de 
mobilidade social que levou 40 milhões de pessoas à classe media.

Eles já estavam lá.

Eles estão há pelo menos uma geração.

Eles nasceram na classe média.

Eles não respeitam os partidos, os políticos ou a democracia.

E, muitas vezes, nem os pais nem os professores.

Eles “just do it”.

Eles são mais eles.

E não tem nenhum apreço por esses que chegaram agora à classe média.

Esses “arrivistas”.

Esses “penetras” que enchem os aeroportos, os shopping centers, 
que se sentam ao meu lado na faculdade.

E daqui a pouco vão querer um carro igual ao que papai me deu.

E, imagine !, o emprego que era para ser meu !

Esses manifestantes cresceram com um sentimento difuso de 
anti-política, anti-partidos, anti-Governo.

Isso se deve, em boa parte, à generalizada despolitização da 
sociedade brasileira.

Uma juventude que pensa que JK é tônico muscular.

Isso se deve à entre aspas politização fecha aspas, na Globo, 
do julgamento do mensalão, que mais do que punir o PT foi a 
fogueira em que ardeu a política.

A ideologia predominante nos altos escalões da Justiça contaminou o país: 
a política é o pecado.

A virtude está nas Leis, ou melhor, nos Juízes.

Tudo o que cheira a soberania popular fede.

Essa rebelia “desorientada” se valeu da ignorância.

Esses manifestantes – e, na verdade, milhões de brasileiros 
– não conhecem o Brasil.

Não sabem o que acontece no Brasil.

Por exemplo, não sabem que há 30 anos não se investia em transportes.

Há 20 anos, em São Paulo, o paiol de toda crise, se constroi um metro 
à velocidade de um quilômetro e meio por ano.

Esse déficit de informação se deve a erro estratégico capital, 
desses que se inscrevem no centro do sistema sanguíneo de um povo, por gerações.

Por exemplo: ser o último país do mundo a abolir a escravidão.

Outro, derrubar o presidente João Goulart, eleito segundo as regras da 
Constituição, e instalar um regime militar.

Outro erro grave – de que muitos devemos nos penitenciar – foi derrubar 
o presidente Collor, cujos pecados poderiam ter sido corrigidos pela Lei e pela Política.

Mas, se cometeu o erro de derrubar o primeiro presidente eleito pelo povo 
depois do regime militar.

A redemocratização começou por se negar.

Outro erro estratégico, que entope as nossas veias, foi não fazer 
a reforma agrária simultaneamente à libertação dos escravos, 
como quiseram dois grandes brasileiros, José Bonifácio e Joaquim Nabuco.

Outro erro estratégico, capital, uma dose maciça de colesterol no sangue.

Foi não criar um sistema estatal – de preferência – ou publico de comunicação 
de massa.

Informar é obrigação do governante.

E o governado tem o direito de ouvir e, constitucional, ser ouvido.

Nenhuma Democracia do mundo permitiria que a lei que regula 
a rádio-difusão não se atualizasse desde 1963.

Desde 1994, a Globo controla  80% de toda a verba da televisão aberta.

Em 1994, ela tinha 80% da audiência.

Hoje, tem 45% da audiência.

Mas, não faz diferença.

Os 80% só os mesmos e o bolo da grana aumentou.

E agora ?

O Governo Dilma perdeu.

Vê-se no seu rosto.

O Movimento Passe Livre à aquele personagem de Stendhal que não 
percebeu que estava no meio de uma batalha de Waterloo.

Dilma pode até ser reeleita, diante da indigência que assola o outro lado.

Mas, dificilmente, ela ressurgirá com a força que o Lula ressurgiu do mensalão.

Lula depois do mensalão preservou o centro de sua política: a inclusão social.

A sobrevivência da Presidenta Dilma corre o risco de se dar 
– apenas – no espaço conservador do sistema político e parlamentar.

E, nesse cercado de federalistas, udenistas e ruralistas, 
os jovens manifestante e a Globo convivem muito bem – e em harmonia.

Dilma terá que renunciar a boa parte de seu keynesianismo, 
porque o mercado perdeu  o “instinto animal”- precisa de juros !

Ela terá que mudar a política econômica, caminhar para “ortodoxia” 
dos credores, porque o ambiente econômico internacional não ajuda – sopra contra.

Dilma terá que tirar dinheiro do PAC para atender às demandas populistas.

Ela não fará uma reforma política para combater o Caixa Dois 
– porque é disso que se trata -, porque há 19 anos o Congresso imobiliza 
a reforma política.  

“Ouvir as voz das ruas” só seria possível numa Assembleia Constituinte 
exclusiva.

E, depois, um referendo.

Fora disso, a “voz das ruas” sumirá naquele salão do Athos Bulcao 
que liga a Câmara e o Senado. 

Emudecerá

E a Dilma acabará mais perto do Michel Temer do que do Lula.

O Brasil vai parar ?

Não !

Os mesmos ingredientes também estruturais que farão do Brasil 
uma Nação prospera estarão preservados.

O rumo é o mesmo.

O que mudou foi o plano de voo.

Mudaram os passageiros.

E o comandante.

Vai mudar tudo.

Desde que tudo continue tudo como estava.

Há 200 anos.

(Já ouvi isso em algum lugar.)


Clique aqui para ler “Dilma, a Assembléia Constituinte, 
Vivinha da Silva”. 

Aqui para ler “Vem aí o voto distrital. Cerra ganhou”. 

E aqui para ler “Plebiscito sem Constituinte dá em que ?”. 


SINTONIA FINA - @riltonsp


Um comentário:

brasilpensador.blogspot.com disse...

vejo nos movimentos em SP contra o Alckmin, o pessoal nao se levantou contra Haddad a nao ser o filhinho de papai ja preparado para isso porque ele nao me convenceu com aquela chorominguela na delegacia, coisa preparada, e o que ele queria?Qeuria jogar a turma dos manifestantes todos contra a prefeitura para fazer o maior estrago possivel para atingir o Haddad ja que o Alckmin tinha mandado a policia cobrir a madeira nos manifestantes e estava mais embaixo do que se pode imaginar. entao ele para nao ficar por baixo deve ter preparado ate mesmo porque a policia so atendeu o chamado de haddad 3 horas depois que o filinho de papai ja tinha arrebentado tudo.