Articulação prevê tirar José Maria Marin do comando da CBF antes da Copa de 2014; além das ligações do cartola com a ditadura militar, que tem provocado frequentes protestos na internet e pode levá-lo a depor na Comissão da Verdade, dirigentes da Fifa estão desconfortáveis com frequentes constrangimentos do cartola à frente da Confederação e de seu papel na organização do Mundial...
O assunto já chegou na Suíça, onde dirigentes da Fifa comentaram nesta semana com o ministro do Esporte, Aldo Rebelo, sobre a possibilidade do presidente da CBF, José Maria Marin, deixar o posto antes da Copa do Mundo, que será realizada no País em 2014. Os motivos são muitos, mas recentemente têm ganhado força os protestos na internet que ligam o cartola à ditadura militar e pedem sua saída do comando da Confederação.
A principal delas foi criada pelo filho do jornalista Vladimir Herzog, cuja prisão, tortura e morte, durante o regime militar, são relacionadas a discursos feitos por Marin quando este era deputado estadual em São Paulo. O assunto é bastante espinhoso, uma vez que a presidente da República, Dilma Rousseff, também foi torturada. Tanto que a relação dos dois é distante: ela nunca o recebeu no Palácio do Planalto.
A petição de Ivo Herzog conseguiu mais de 50 mil assinaturas, entre elas, a de parlamentares como Chico Alencar, Ivan Valente e Marcelo Freixo. Outra importante voz que pede a investigação do envolvimento de Marin na morte de Herzog é o deputado Romário (PSB-RJ), cujos discursos, inclusive pedindo a prisão de Marin, comoveram a ministra Maria do Rosário, dos Direitos Humanos, que pediu apuração do caso. De acordo com o jornalista Juca Kfouri, Marin deverá ainda passar pelo constrangimento de depor à Comissão Nacional da Verdade.
Outros desconfortos que partem do presidente da Fifa, Joseph Blatter, e do secretário-geral, Jérôme Valcke, são relacionados a constrangimentos frequentes de Marin na presidência da CBF e a sua atuação na organização da Copa – o cargo o coloca automaticamente como presidente do COL (Comitê Organizador Local), de acordo com reportagem do Valor Ecomômico. Além disso, com o destaque que o dirigente terá durante o evento.
Na avaliação dos dirigentes, Marin causaria instabilidade na Fifa, na CBF e na organização do Mundial. Exemplos práticos são divulgações de áudios com conversas atribuídas ao presidente da Confederação. Numa delas, Marin critica Aldo Rebelo, dizendo que o poder de influência do ministro do Esporte é limitado e que ele não tem liberdade com a presidente Dilma. De acordo com a CBF, há manipulação nos áudios.
Sucessão
Caso Marin saia do cargo nas eleições de abril de 2014, o plano é que seu sucessor assuma o cargo logo em seguida, e não espere até janeiro de 2015, como acontece hoje. Assim, ele deixaria o comando da CBF antes da Copa, que acontece no meio do ano. Dois nomes que podem ocupar seu lugar são o presidente da Federação Paulista de Futebol e vice da CBF, Marco Polo Del Nero, e o ex-presidente do Corinthians Andrés Sanches.
Del Nero seria o favorito, pois representaria continuidade na gestão. Enquanto Sanches, avalia o Valor, seria o candidato da oposição, pregando transparência e dando como exemplo o Corinthians. Ele teria o apoio de Romário, que é presidente da Comissão de Esporte da Câmara dos Deputados. O parlamentar afirma que "respeita" o que Sanches fez na direção do clube paulista e acredita que Del Nero "é o pior do que está aí".
SINTONIA FINA
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