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Depois dos empréstimos, Caixa e BB lançam ofensiva para reduzir as taxas de administração dos fundos de investimento.
A cruzada do governo pela queda dos custos dos empréstimos chegou a um
novo campo de batalha. Depois da ofensiva na redução dos juros cobrados
dos tomadores de crédito, é hora de os administradores de fundos
entrarem na alça de mira do governo. Na segunda-feira 23, a Caixa
Econômica Federal colocou em prática um corte nas taxas de
administração de dois de seus fundos de renda fixa voltados para
pequenos investidores. O Caixa Azul Fic teve sua taxa reduzida de 3%
para 1,5% ao ano. Já no caso do Caixa Fic Clássico, a tarifa encolheu
de 1,85% para 1,40%, e a aplicação inicial caiu de R$ 1.000 para R$
100. Não foi o único movimento. O Banco do Brasil está estudando medidas
semelhantes. “Se a Selic cair mais, vamos reduzir as taxas de
administração de alguns fundos DI e diminuir suas aplicações iniciais,
para tornar os produtos mais acessíveis”, diz Carlos Takahashi,
presidente da BB DTVM.
O objetivo desse ataque é pressionar os bancos privados a fazer
movimentos semelhantes e abrir mão de parte do que ganham ao
administrar recursos, tornando os fundos mais competitivos.
Essa
ofensiva não visa apenas a beneficiar o investidor. Ao manter a
competitividade dos fundos DI e de renda fixa, Brasília vai dificultar a
migração de parte dos quase R$ 900 bilhões atualmente aplicados neles
para as cadernetas de poupança. A preocupação do governo é evitar
problemas na hora de vender títulos públicos. À medida que os juros
recuam, a rentabilidade dessas carteiras encolhe. Assim, a remuneração
garantida de 6% ao ano e a isenção de Imposto de Renda da poupança a
tornam um concorrente imbatível. Para o investidor conservador e com
pouco dinheiro no bolso, não há muita diferença entre as duas
aplicações.
No entanto, o dinheiro que sai dos fundos e vai engordar o tradicional
porquinho reduz o orçamento disponível para o governo financiar seu
passivo. “Sem medidas para manter a competitividade dos fundos, em
breve será necessário alterar as regras de remuneração das cadernetas”,
diz William Eid Júnior, professor de finanças da FGV. Na ponta do
lápis, há espaço para alguns descontos. A taxa média cobrada dos 385
fundos de renda fixa abertos à captação é de 1% ao ano. No entanto,
considerando-se os fundos com aplicação inicial de até R$ 1 mil, a taxa
de administração média mais do que dobra, para 2,25% (leia quadro).
Até agora, as medidas adotadas pela Caixa, e que deverão ser seguidas
pelo BB, exerceram pouca influência nos concorrentes. Até a terça-feira
24, os bancos privados não haviam anunciado nenhum contra-ataque à
ofensiva do governo.
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Takahashi, da BB DTVM: redução das taxas e das aplicações mínimas para tornar
os fundos mais acessíveis.
“O mercado deve se ajustar a essa nova situação, e estamos avaliando
medidas para manter nossos fundos competitivos”, disse Luiz Carlos
Angelotti, diretor-executivo do Bradesco durante a divulgação de
resultados, na segunda-feira 23. Itaú, Santander e HSBC não comentaram.
Esse movimento é realmente necessário? Segundo a Associação Nacional de
Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac), fundos
que cobram taxas de administração superiores a 0,5% ao ano perdem em
competitividade para a poupança, considerando-se o percentual corrente
da taxa Selic. Takahashi afirma que as medidas em estudo pelo banco são
proativas, uma preparação para um cenário de juros bem mais baixos que
os correntes. Mesmo assim, ele descarta a hipótese de uma drenagem de
recursos dos fundos para a poupança.
“Em 2009, a taxa Selic recuou para 8,75% ao ano e, mesmo assim, não
houve uma migração maciça de dinheiro para as cadernetas”, diz ele.
Segundo o executivo, cerca de 80% dos recursos dos fundos pertencem aos
grandes investidores, pouco suscetíveis ao discreto charme do
porquinho. O economista Roberto Troster, especializado no sistema
financeiro, avalia que, para melhorar a vida do pequeno investidor, as
reduções nas taxas de administração têm de ser bem mais agressivas,
algo pouco provável no curto e médio prazos. “Os bancos não têm margem
para reduções de grandes proporções e impacto”, diz ele. “Reduções em
juros de crédito e mudanças em taxas de administração que causassem
grandes efeitos seriam insustentáveis.”
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Sintonia Fina
- com Com Texto Livre
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