Sau no
Viomundo
Adriano Diogo:
“Depois de balear David pelas costas, a GCM atirou nele, de novo”
David com a esposa, Laura, no Hospital Municipal de São José dos Campos, onde está internado. Foto: Renato Simões
por Conceição Lemes
O Conselho Estadual de Defesa da
Pessoa Humana, da Defensoria Pública Estadual e do Ministério Público
Estadual (Condepe) promoveu na última segunda-feira mutirão nos galpões e
igreja, que abrigam os moradores despejados do Pinheirinho.
Aproximadamente 90 pessoas, entre conselheiros do Condepe, parlamentares
e entidades de direitos humanos participaram.
“O que mais me chamou a atenção foi
o caso do rapaz de 30 anos, baleado pela GCM [Guarda Civil Municipal];
está com a perna esquerda paralisada e corre o risco de ficar com
sequelas”, denuncia o deputado estadual Adriano Diogo (PT-SP),
presidente da Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa de
São Paulo. “Se passaram nove dias e ele não foi ouvido nem tinha feito
exame de corpo de delito.”
O rapaz é David Washington Furtado,
30 anos, natural de Recife, funcionário terceirizado da Prefeitura
(calça ruas, assenta sarjetas e calçadas) e agora ex-morador do
Pinheirinho. Foi baleado, na área externa do acampamento, quando se
dirigia junto com a esposa (Laura) ao posto de atendimento da
Prefeitura para se cadastrar.
“É a história mais escondida de São
José dos Campos”, observa Adriano. “Depois de balear David pelas
Costas, a GCM atirou nele, de novo, quando já estava caído no chão. Uma
barbaridade.”
Foi o próprio David que contou isso
a uma comissão, que o ouviu num dos leitos do Hospital Municipal de
São José dos Campos, onde está internado.
Integrada por Adriano Diogo,
Carlinhos Almeida (deputado federal PT-SP), Renato Simões (conselheiro
do Condepe), Ivan Seixas (presidente do Condepe) e Antonio Donizete
(advogado dos moradores do Pinheirinho), a comissão levou canseira de
uma hora e meia da direção do hospital, administrado pela SPDM, para
entrar no quarto de David. Não teve acesso ao prontuário, apenas
conversou com os médicos.
– Ele vai ficar paraplégico?
– Não sei ainda. Acho que não, ainda não deu para fazer a eletroneuromiografia.
– Lesionou a medula espinhal?
– Ela não foi seccionada, mas o sistema
periférico da vértebra está comprometido. Tanto que ele não consegue
mexer a perna esquerda.
– Mas ele vai voltar a andar sem problemas?
– Não sei se vai dar ou não.
Nesta quarta- feira, será realizada
na Assembleia Legislativa de São Paulo audiência pública para discutir a
situação dos despejados do Pinheirinho. Participarão ex- moradores do
Pinheirinho, entidades e movimentos sociais, representantes do
Condepe,da Defensoria Pública Estadual e do Ministério Público
Estadual.
Sintonia Fina - Conversa Afiada
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