Three Stooges |
O almirante Ricardo
Antonio da Veiga Cabral, presidente do Clube Naval, o general Renato
Cesar Tibau da Costa, presidente do Clube Militar, e o brigadeiro Carlos
de Almeida Baptista, presidente do Clube de Aeronáutica, publicaram
nota (manifesto?) de advertência contra as posições das ministras Maria
do Rosário e Eleonora Menicucci em relação à possibilidade de ações na
Justiça em busca de punição a torturadores do regime militar imposto em
1964.
Os militares queixam-se de
que a presidente prometeu governar para todos, sem "discriminação,
privilégios ou compadrio", mas nada estaria fazendo para calar a boca
das auxiliares. Diz o manifesto:
"Na quarta-feira, 8 de fevereiro, a
ministra da Secretaria de Direitos Humanos concedeu uma entrevista à
repórter Júnia Gama, publicada no dia imediato no jornal Correio
Braziliense, na qual mais uma vez asseverava a possibilidade de as
partes que se considerassem ofendidas por fatos ocorridos nos governos
militares pudessem ingressar com ações na Justiça, buscando a
responsabilização criminal de agentes repressores, à semelhança ao que
ocorre em países vizinhos. Mais uma vez esta autoridade da República
sobrepunha sua opinião à recente decisão do STF, instado a opinar sobre a
validade da Lei da Anistia. E, a presidente não veio a público para
contradizer a subordinada".
Uma coisa é certa: o pau vai comer já, já.
O
Brasil é um país diferente, superior aos outros, o único que não pune
seus torturadores.
Não nos rebaixamos ao nível da Argentina e do
Uruguai. Não aceitamos pressões de organismos internacionais rastaqueras
como a ONU. Nossos torturadores são intocáveis. Essa é a nossa
discriminação, esses são os privilégios que damos, esse é o compadrismo
que praticamos. O fato de que os guerrilheiros foram punidos com prisão,
tortura, exílio ou morte, enquanto os torturadores nada pagaram, não
nos constrange.
Nossos militares são atuantes e politizados:
"Os Clubes
Militares expressam a preocupação com as manifestações de auxiliares da
presidente sem que ela, como a mandatária maior da Nação, venha a
público expressar desacordo com a posição assumida por eles e pelo
partido ao qual é filiada e aguardam com expectativa positiva a postura
de presidente de todos os brasileiros e não de minorias sectárias ou de
partidos políticos".
Nosso único
dogma é: deixem nossos torturadores em paz.
Eles prestaram relevantes
serviços à Nação ajudando a salvar-nos de uma ditadura de esquerda com
uma ditadura de direita, praticante, em nome da democracia e da
civilização, de métodos bárbaros e rigorosamente antidemocráticos jamais
discutidos diante de um tribunal de Justiça. Nossa ditadura foi
implantada contra um presidente legal cujo grande pecado foi ter tentado
reformar um país atolado no atraso, sendo que, em algumas regiões, a
expectativa média de vida andava pelos 35 anos de idade e 77.737
latifundiários detinham 58% das terras de todo o país.
Um espetáculo de
desigualdade e barbárie.
Sintonia Fina
Juremir Machado da Silva | juremir@correiodopovo.com.br
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