O
que ocorreu na invasão da Cracolância é exemplo claro da falta de
ferramentas mínimas de gestão no governo e da prefeitura de São Paulo.
Com
exceção de Mário Covas, nenhum de seus sucessores têm noção mínima
sobre gestão, sequer o be-a-bá, quanto mais outras formas mais
aprimoradas, como a gestão interdisciplinar - entre várias secretarias -
ou a gestão com participação da sociedade civil.
Quando
sugerido a Serra que se inteirasse de ferramentas de gestão, sua
resposta - típica da arrogância despreparada - era que não precisava
disso porque sabia fazer acontecer. Jamais realizou uma reunião sequer
de secretariado. Houve secretário que entrou no governo e saiu sem
conhecer outros colegas.
Na sua
primeira gestão, Alckmin não foi melhor. A grande crise da segurança do
PCC decorreu da incompatibilidade entre secretários da área - Justiça,
Segurança e Administração Penitenciária - e falta de pulso de Alckmin
para organizar reuniões conjuntas.
No
episódio das enchentes, com Serra, outro exemplo clamoroso da falta de
gestão, não se tem notícia de uma reunião conjunta sequer dos setores
que compõem a defesa civil do Estado. A tal ponto que Serra entrou na
campanha presidencial supondo que Defesa Civil era uma organização tipo
Corpo de Bombeiros e não uma articulação das diversas organizações
envolvidas com desastres.
Trabalho
intersetorial consiste em identificar o problema - resolver a questão
da cracolância. Depois, juntar todos os setores responsáveis -
Secretarias da Saúde do Estado e do Município, PM, Guarda Municipal,
Ministério da Saúde - mapear todas as etapas e definir a
responsabikidade de cada um e a articulação entre as ações.
Nessas
reuniões se estudaria, primeiro, onde alojar os desabrigados. Depois,
como preparar a recepção. Finalmente, a ação propriamente dita, com
agentes de saúde, primeiro, tirando os viciados. Depois, a PM e a PF
entrando em cena contra os traficantes.
Finalmente, as ações de longo prazo, visando o tratamento dos necessitados.
Fala-se
muito em Brasil grande, em nova etapa do desenvolvimento brasileiro,
mas o maior estado do país não tem noção mínima de gestão pública.
Enquanto isto, organizações que poderiam trabalhar a inteligência do
estado - como Fundap, Seade, Cepam - continuam às moscas.
Faria
melhor Alckmin em providenciar um estágio dos secretários paulistas com
o pessoal do PAC, no governo federal, ou com os governos de Minas,
Pernambuco e Espirito Santo.
Sintonia Fina - Luis Nassif
via Com Texto Livre
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"O jornalismo é, antes de tudo e sobretudo, a prática diária da inteligência e o exercício cotidiano do caráter"
(Cláudio Abramo)
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