Saiu no Tijolaço post de Fernando Brito:
Verônica Serra: explicações que não explicam
A filha do senhor José Serra divulgou,
20 dias depois do lançamento de “A Privataria Tucana”, uma nota onde,
mesmo não anunciando que vá processar Amaury Ribeiro Jr, diz-se vítima
de “insinuações e acusações totalmente falsas” e apresenta uma série de
uma “explicações”.
Vários blogs já apontaram que
não é verdadeira a afirmação de Verônica Serra ao dizer que “nunca fui
ré em processo nem indiciada pela Polícia Federal; fui, isto sim, vítima
dos crimes de pessoas hoje indiciadas”, porque está, sim, indiciada
pelo caso da quebra de sigilo bancário praticada pela sua empresa
Decidir.com, da qual era vice-presidente. Nesta ação, são réus o
jornalista da Folha que publicou os dados e James Rubio Jr. , presidente
da Decidir.com. O processo (0000370-36.2003.4.03.6181) está em curso na
3ª Vara Criminal Federal.
D. Verônica, claro, como toda pessoa, conta a seu favor com a presunção da inocência.
Mas comparemos o que ela diz aos fatos. Primeiro, a dama:
2. No período entre setembro de
1998 e março de 2001, trabalhei em um fundo chamado IRR (International
Real Returns) e atuava como sua representante no Brasil. Minha atuação
no IRR restringia-se à de representante do Fundo em seus investimentos.
Em nenhum momento fui sua sócia ou acionista. Há provas.
3. Esse fundo, de forma
absolutamente regular e dentro de seu escopo de atuação, realizou um
investimento na empresa de tecnologia Decidir. Como consequência desse
investimento, o IRR passou a deter uma participação minoritária na
empresa.
4. A Decidir era uma empresa
“ponto.com”, provedora de três serviços: (I) checagem de crédito; (II)
verificação de identidade e (III) processamento de assinaturas
eletrônicas. A empresa foi fundada na Argentina, tinha sede em Buenos
Aires, onde, aliás, se encontrava sua área de desenvolvimento e
tecnologia. No fim da década de 90, passou a operar no Brasil, no Chile e
no México, criando também uma subsidiária em Miami, com a intenção de
operar no mercado norte-americano.
5. Era uma empresa real, com
funcionários, faturamento, clientes e potencial de expansão. Ao
contrário do que afirmam detratores levianos, sem provar nada, a Decidir
não era uma empresa de fachada para operar negócios escusos. Todas e
quaisquer transações relacionadas aos aportes de investimento eram
registradas nos órgãos competentes.
Bem, por partes:
Primeiro, a International Real
Returns não era uma empresa registrada no Brasil. Embora tenha sido
apresentada, em 2001, na reportagem sobre seu casamento publicada pela Istoé
como “sócia-presidente dos investimentos latino-americanos da
International Real Returns (IRR), empresa de administração de ativos com
US$ 600 milhões de capital europeu” a empresa não aparece como cotista
de nenhuma outra nos arquivos da Junta Comercial de São Paulo.
A Decidir.Com brasileira não
existia. Foi criada um mês antes da chegada de Verônica Serra pelo
advogado José Camargo Óbice, em seu escritório da Rua da Consolação e
com capital de apenas R$100 e o nome de Belleville Participações S/A.
Vinte dias depois é que virou Decidir Brasil S/A e, em mais 40 dias,
elevou seu capital para R$ 5 milhões, ou R$ 13 milhões, hoje, com a
correção do IGP-M.
“Era uma empresa real, com
funcionários, faturamento, clientes e potencial de expansão”, afirma D.
Verônica. Deve ser mesmo, porque logo depois de sua saída, em março do
ano seguinte, dobrou o seu capital social, embora o lucro no ano
anterior, 2000, tenha sido zero, conforme está registrado no Diário Oficial,
na ata da assembleia realizada em julho que aprova “a não distribuição
de dividendos obrigatórios aos acionistas referentes ao exercício social
encerrado em 31/12/2000, tendo-se em vista a inexistência de lucros
apurados no período, conforme as demonstrações financeiras da
Sociedade”.
A CPI vai ajudar D. Veronica a
mostrar como tudo é um negócio simples, claro, onde o dinheiro não
aparece do nada e desaparece para o nada.
Sintonia Fina - Conversa Afiada
"O jornalismo é, antes de tudo e sobretudo, a prática diária da inteligência e o exercício cotidiano do caráter"
(Cláudio Abramo)
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