6 de dez. de 2011

Que país é esse ....?

Está sobrando emprego no Distrito Federal


Só em outubro, surgiram oito mil oportunidades de trabalho, mas apenas quatro mil das vagas foram preenchidas. Falta qualificação, principalmente para atuar na indústria, e a situação deve piorar com aproximação da Copa de 2014

 

Natalia Emerich 

Brasília 247 – A notícia é boa para quem deseja fechar 2011 empregado, mas ruim para quem precisa de funcionários especializados. Em outubro, o número de desempregados caiu para 172 mil, 4 mil a menos do que o registrado em setembro. Mas o desemprego (cujo índice ficou em 12,2% em outubro) poderia ter diminuído ainda mais não fosse a falta de mão-de-obra qualificada na região. Os dados foram divulgados pela Federação das Indústrias do DF nesta semana.

Em outubro, o DF gerou oito mil postos de trabalho, mas metade deles não foi ocupada. A discrepância reflete um problema crônico e latente no Brasil: a falta de especialização técnica. “A deficiência não era sentida porque muitas funções de nível técnico eram ocupadas por pessoas de nível superior que fizeram faculdades em instituições de menor expressão”, explica Jorge Pinho, professor do departamento de Administração da Universidade de Brasília (UnB).

O setor industrial foi destaque na pesquisa, com cinco mil oportunidades de emprego criadas em outubro, alta de 10,6% em comparação a setembro. O aumento é considerado normal no último trimestre do ano. “É um efeito sazonal devido à demanda no setor do comércio varejista com as festas de fim de ano”, afirma o economista da Fibra Dione Cerqueira. “O primeiro semestre é sempre de queda. No segundo, o índice passa por ajustes. No terceiro e no quarto semestres, ele primeiro se estabiliza para depois passar por um crescimento considerável”, explica o economista. Cerqueira ressalva, porém, que grande parte das ofertas é destinada a propostas temporárias.

Estrangeiros
Apesar do aquecimento temporário na economia local, a área da indústria é também a mais atingida pelo déficit de profissionais especializados. Desvalorizados no país, os empregos no setor acabam servindo de chamariz para profissionais de outros países. “Daqui a pouco empresas que precisam de mão de obra vão buscá-la no exterior”, alerta Pinho. “O camarada, com o país em crise, virá para o Brasil tomar o lugar do brasileiro”, completa.

Segundo o professor de administração, a carência de empregos na área técnica é uma constatação geral que assola o Brasil. E pode piorar com a Copa do Mundo de 2014 e com as Olimpíadas, em 2016. “A única solução em curto prazo é adestrar os trabalhadores com atividades braçais”, diz. “Mas se mudar a tecnologia, eles voltarão à estaca zero e não saberão mais nada”, pondera. Embora algumas ações emergenciais estejam previstas para amenizar os problemas, ele enfatiza que a única saída eficaz é investir pesado na educação, mas isso leva tempo.

A Pesquisa de Empregados e Desempregados (PED) foi realizada pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), em parceria com a secretaria de Trabalho do DF, e divulgada pela Fibra nesta segunda-feira (5). Segundo o estudo, a Taxa de Desemprego Total no DF apresentou estabilidade, passando de 12,5%, em setembro, para 12,2%, em outubro. Apesar da leve queda, o DF é a terceira região com o índice de desemprego mais alto, entre sete pesquisadas.

 

Sintonia Fina - Brasil 247

Nenhum comentário: