Grupo Opportunity tenta na Justiça liberar jatinho avaliado em R$ 10 mi e apreendido na operação "Corcel Negro II"
O grupo Opportunity, ligado ao banqueiro Daniel Dantas,
pediu à Justiça mineira a liberação de um avião de médio porte, avaliado
em R$ 10 milhões, apreendido na operação “Corcel Negro II”, que
desbaratou um esquema de sonegação fiscal e extração ilegal de carvão,
conhecido como “máfia do carvão”. O Hoje em Dia teve acesso aos
documentos que correm na Justiça estadual.
Na
documentação apresentada à Justiça, os advogados alegam que a aeronave,
modelo 750 Cessna Aircraft, prefixo PT-WUM, pertence ao grupo
Opportunity. O avião, no entanto, está registrado na Agência Nacional de
Aviação Civil (Anac), como sendo de propriedade da ADE Táxi Aéreo,
empresa que segundo o Ministério Público Estadual pertence a Urbano
Ferraz Gontijo, apontado como um dos chefes da máfia do carvão. A
aeronave é uma das mais velozes do mundo para uso civil. Oficialmente,
ela era utilizada para o serviço de taxi aéreo.
A
ADE teve todos os bens confiscados por ordem judicial durante a “Corcel
Negro II”, realizada pelo Ministério Público Estadual em conjunto com a
Secretaria de Estado de Fazenda, Polícia Militar, Polícia Rodoviária
Federal e Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais
Renováveis (Ibama), em julho passado. De acordo com as investigações,
que já se converteram em ações judiciais na comarca de Monte Azul, no
Norte de Minas, a empresa seria um dos tentáculos da família Gontijo,
acusada de extração ilegal de carvão e lavagem de dinheiro, entre outros
crimes.
Ao cumprir os mandados
de busca e apreensão e bloqueio dos bens, os integrantes da força-tarefa
que resultou na “Corcel Negro II” encontraram o avião no hangar da ADE,
no aeroporto da Pampulha, em Belo Horizonte. Ele está em poder da
Justiça. Para surpresa do MPE, há cerca de um mês a Cooper Air
Representação Ltda. pediu o desbloqueio da aeronave alegando ser a
verdadeira proprietária. Esta empresa está registrada em nome da
Araucária Participações e de Rodrigo Otávio de Paula.
A
Araucária pertence à OPPI Fundo de Investimentos em Ações, popularmente
conhecido como um fundo de investimentos de Dantas. Na operação
“Satiagraha”, desencadeada em 2008, a Polícia Federal revelou que a
Araucária tinha como endereço a sede do Opportunity, no Rio de Janeiro, e
pertencia à irmã de Dantas, Verônica Dantas.
As
autoridades envolvidas no caso da aeronave tentam desvendar o mistério
que envolve o banqueiro e a máfia do carvão. Nos documentos apresentados
pela Cooper, a ADE Táxi Aéreo teria realizado uma Sociedade em Conta de
Participação com a empresa INC Empreendimentos e Participações S/A para
a aquisição da aeronave. De acordo com o Ministério Público, a INC
também pertence à máfia do carvão.
“Pelo
contrato, datado de 6/04/2011, a INC contribuiria com R$ 10,5 milhões
para aquisição de uma aeronave e de mais R$ 3 milhões para capital de
giro. A INC por sua vez, teria firmado um dia antes, em 5/04/2011, um
contrato de mútuo com a Alcobaça Consultoria e Participações S/A, cujo
sócio majoritário é o Banco Opportunity S/A (leia-se Daniel Dantas)”,
destaca trecho da descrição do Ministério Público em documento que
relata a explicação dada pelas empresas ligadas a Dantas.
Pela
justificativa apresentada, a INC teria recebido o dinheiro da Alcobaça
para comprar o avião. Mais tarde, ela teria dado o jatinho executivo
como pagamento da dívida. Já a Alcobaça teria cedido o bem à Cooper. No
dia 16 de agosto deste ano, a Cooper e a ADE realizam o distrato, ou
seja, cancelaram a operação.
Conforme
a ação do Ministério Público, entre as justificativas apresentadas
pelas empresas está a de que o cenário internacional não contribuiu para
o desenvolvimento da atividade. Em outubro deste ano, a Cooper, com
sede em Belo Horizonte, pediu à Axis – interventora legal da INC – que
tentasse o desbloqueio judicial da aeronave. Em um dos documentos
apensados ao processo, a empresa sustentou que foi feito um depósito de
R$ 10,5 milhões da Alcobaça para a INC. Foi anexado um comprovante de
depósito de uma conta bancária da empresa ligada a Dantas.
Agora, caberá à Justiça decidir se o avião ficará em poder da Justiça ou será entregue à empresa da família Dantas.
Sintonia Fina vis Amália Goulart
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