Não, não é FHC, de Fernando Henrique Cardoso. É mesmo PHC, de Paulo Henrique Cardoso, filho do ex-presidente.
É o primeiro dos fios do novelo obscuro puxado pelo livro “Privataria Tucana” que, nós dissemos, iam começar a ser puxados.
Aos fatos, sem ilações e com documentos.
O
livro de Amaury Ribeiro mostra que as empresas de fachada offshore de
Ricardo Sérgio Oliveira, Verônica Serra e seu marido Alexandre Bourgeois
foram abrigadas no Citco Building, edifício-sede de um grupo de
companhias que, além das Ilhas Virgens onde se situa, se espalha pelos
ancoradouros piratas de Aruba, Curaçao, Bahamas, Ilhas Cayman, Barbados e
por aí…
Eles foram para a sede da Citco B.V.I. Limited, em Tortola, como está documentado no livro de Amaury.
Foram
longe, porque a Citco tem um escritório de negócios no Brasil. Bem ali
em São Paulo, na Avenida Bernardino de Campos, 98, 14° andar, no bairro –
se podemos perdoar a ironia – do Paraíso, onde funciona a Citco
Corporate Serviços Limitada, uma “pequena empresa” – com capital
registrado de apenas R$ 10 mil – dirigida pelo senhor José Tavares de
Lucena, representante plenipotenciário da Citco Corporate Services,
situada no 26° andar do número 701 da Brickell Avenue, em Miami,
Flórida.
O décimo-quarto andar do
nosso Paraíso paulistano é também a sede de inúmeras empresas. O senhor
Lucena é um homem polivalente, que administra um uma plêiade de
empresas dedicadas a negócios imobiliários (a Select Brasil
Investimentos), de telecomunicações( BBT do Brasil), informática (Torex
International Sistemas de Informática), de embalagens (Dixie Toga, a dos
copinhos plásticos) e muitas outras.
Nessa
árdua tarefa ele tem a ajuda de outro contador, Jobelino Vitoriano
Locateli, ambos muito atarefados com suas tarefas de representar
oficialmente instituições de grande porte, como o JP Morgan e Citibank.
Mas
sobra um cantinho no amplo andar do prédio da Bernardino de Campos para
empresas menores,tão pobres quanto a pobre Citco Corporate Serviços
Limitada e seus R$ 10 mil de capital social.
É
o caso da Radio Holdings SA , que tem capital social neste valor, dos
quais 98,6% (R4 9.860,00) pertencem a PHC, Paulo Henrique Cardoso, como
demonstra certidão da Junta Comercial de São Paulo. Lucena e Jobelino
revezam-se como administradores da empresa de PHC.
Esta
pobre microempresa do filho do ex-presidente Fernando Henrique comprou,
por R$ 2,98 milhões - 300 vezes seu capital social – a Rádio Itapema
FM, que pertenceu ao grupo Manchete e ao RBS. E o fez como sócia
majoritária de ninguém menos que a Walt Disney Company, sob o nome de
ABC Venture Corp, no endereço nos famosos estúdios de Burbank,
Califórnia.
A rádio, claro,
certamente por economia, também foi para efeitos fiscais, para o Paraíso
paulistano da Bernardino de Campos, no mesmo lotado 14°andar.
Mas nada disso vai para os jornais.
Sobre os temas tucanos, o jornalismo investigativo brasileiro não aguenta sequer uma manhã de Google.
Será que o Ministério Público é melhor que ele?
Sintonia Fina - Fernando Brito
"O jornalismo é, antes de tudo e sobretudo, a prática diária da inteligência e o exercício cotidiano do caráter"
(Cláudio Abramo)
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