“Panfleto
apócrifo distribuído no campus usa imagem de Vladmir Herzog morto como
ameaça contra "os estudantes maconheiros"; "suicídio é triste!",
ironiza texto, ao feitio das piores peças do Comando de Caça aos
Comunistas; na mídia, colunista Reinaldo Azevedo registra BO sobre
ameaça que teria sofrido; voltamos aos anos de chumbo?
Marco Damiani, Brasil 247
O
que está acontecendo com a atual geração de estudantes da maior
universidade brasileira? Nesta sexta-feira, dia histórico em que a
presidente Dilma Rousseff, diante de todos os chefes militares,
instituiu a Comissão da Verdade para apurar os crimes da ditadura, um
documento apócrifo, ao estilo das piores peças do antigo Comando de
Caça aos Comunistas, foi distribuído na USP.
Com uma imagem do
jornalista Vladimir Herzog morto, trazia a mensagem "Suicídio é triste"
e foi endereçado aos estudantes "maconheiros". Teria sido produzido
por radicais de direita que, a partir da defesa da presença da PM na
USP, tese abraçada pela maioria dos estudantes, avançam para o
enfrentamento ideológico da pior espécie.
Também
no dia de hoje, o colunista Reinaldo Azevedo, da revista Veja,
classificado como "fascista" pelos estudantes que ocuparam a reitoria
da USP, registrou um boletim de ocorrência contra ameaças que estaria
sofrendo de grupos mais à esquerda na universidade. Gente que, segundo o
colunista, teria dito: "Vou te quebrar na rua". Nas últimas semanas,
Reinaldo ironizou os estudantes que ocuparam a Reitoria, chamados por
ele de "remelentos e mafaldinhas".
Entre
um episódio e outro, as eleições para o Diretório Central dos
Estudantes foram adiadas, com acusações de golpe de parte a parte.
Rodrigo Souza Neves, da chapa "Reação", que se coloca contra a direção
atual, foi acusado de portar uma arma. E este, por sua vez, denuncia uma
farsa eleitoral que teria sido perpetrada pelos grupos que hoje
dominam o DCE.
O
clima é de tensão, numa radicalização gerada, em grande parte, pelos
que evitam discutir os temas levantados pelos estudantes e incitam ódio
e preconceito na política.
Por
outro lado, ao cobrirem o rosto e impedirem o trabalho da imprensa, os
estudantes ditos de esquerda também colaboram para tensionar ainda
mais o ambiente.
As pontes para o diálogo estão rompidas.
E o que se vê na USP são cenas que remetem aos piores momentos da ditadura militar.
É o ocaso da razão.”
Sintonia Fina - via Dilma
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