8 de ago. de 2011

A VERDADE POR TRÁS DE JOBIM...


Na troca de Jobim por Amorim, muitos coelhos numa só cajadada

Ministro arrogante e grosseiro não gostou da suspensão da compra dos caças franceses. E vinha se excedendo no  acordo militar com Israel.

- “É muita trapalhada. A Ideli é muito fraquinha e a Gleisi nem sequer conhece Brasília”.
Nelson Jobim, referindo-se a duas ministras nomeadas por Dilma em entrevista à revista “Piauí” .
- “Só faltava essa”.
Dilma Rousseff, reagindo à mais essa provocação do seu ministro, horas antes de demiti-lo.

Ao demitir Jobim, Dilma mostrou que não tem medo de bicho papão
Com a demissão do “intocável” Nelson Jobim e a nomeação do ex-chanceler Celso Amorim para o Ministério da Defesa, a presidente Dilma Rousseff matou uma porção de coelhos de uma só cajadada.

O significado mais profundo desses atos ainda há de ser vasculhado pelos raros analistas íntegros que ainda sobrevivem, apesar dessa epidemia de penas de aluguel mesclada com o domínio midiático pela insuficiência mental.

Mas é preciso deixar claro, desde já, que a primeira presidente mulher do Brasil, credora de uma surpreendente confiança “ampliada” dos cidadãos, mostrou que não tem medo de bicho papão – e que é muito mais corajosa do que a penca de machos que fez da arte de engolir sapos a fórmula viciada de garantir a governabilidade.

O grandalhão Nelson Jobim, ministro nos governos de FHC e Lula, que se confessou responsável por artigos na Constituição de 88 enxertados por baixos dos panos, vinha se dedicando a todo tipo de provocação com o objetivo explícito de desautorizar a presidente da República, em atitudes grosseiras, mas programadas, que passavam dos limites, como se ele fosse uma reedição caricata dos outrora poderosos generais treinados nos Estados Unidos.

Contrariado pela suspensão da compra dos caças franceses

E não se prestava a essa escalada agressiva por acaso. Ele começou a minar o governo a partir da decisão da presidente Dilma, em fevereiro passado, de suspender a compra de 36 caças franceses, um negócio de R$ 11 bilhões, no qual, por influência sua, o governo brasileiro optara pelos aviões mais caros, desprezando a melhor oferta da Suécia.

Por vaidade ou por outras razões que a própria razão desconhece, ele perdeu a serenidade diante da decisão da presidente, que se considerava constrangida a fechar o negócio numa hora em que determinava o corte de R$ 50 bilhões no Orçamento.

Essa contrariedade de Jobim é deliberadamente escamoteada das análises sobre seus conflitos com Dilma. Mas o pessoal da corte sabe muito bem que ele nunca digeriu a determinação da presidente, que o deixou mal na fita: O presidente Sarkozi fora informado que sua permanência no Ministério da Defesa era a garantia pétrea de que a francesa Dassault já havia papado essa venda com os seus caças “Rafale”.

No dia 19 de novembro passado, já depois da eleição de Dilma, Jobim teve uma conversa reservada com a então ministra da Economia da França, Christine Lagarde, na qual afiançou que o compromisso assumido por Lula, sob sua influência, ia ser cumprido ao pé da letra.

Os dois participaram de uma jantar na Câmara de Comércio Brasil-França em homenagem ao ex-presidente. Em público, Jobim foi peremptório, ao justificar a preferência pelo avião mais caro: “Não estamos comprando caças, mas um pacote tecnológico. Esse é o fator principal. Estamos comprando conhecimento, sem conhecimento não tem negócio”. Já Christine Lagarde não se fez de rogada: “Faremos tudo que for possível para ganhar (a venda)”.

Mesmo depois do anúncio da suspensão da compra, este ano, Jobim manteve os franceses confiantes, apesar do relatório da Aeronáutica, de 27 mil páginas, ter concluído pelo modelo sueco, que não só é mais barato, como também tem um custo de manutenção muito mais baixo. Na cotação de preços, o pacote francês saia por U$ 6,2 bilhões (o preço original era de U$ 8,2 bilhões), enquanto o modelo sueco Gripen NG saia por US$ 4,5 bilhões(e ainda podia baixar mais), e o norte-americano F-18 Super Hornet custaria US$ 5,7 bilhões.

Apesar disso, Jobim empenhou sua palavra aos franceses. Dilma tomou a decisão final de suspender o negócio quando soube de uma reunião promovida pela Dassault em São José dos Campos, no início de fevereiro, na qual a francesa já estava montando suas parcerias com empresários brasileiras. Então,  ela  assinou pré-acordos com dez empresas. No total, já havia firmado 49 pré-acordos com companhias do país.

Jobim ficou realmente sem jeito e não teve outra saída senão ir a Paris, na segunda semana de julho, explicar a mudança pessoalmente ao presidente Sarkozi e aos executivos da Dassault. Ele alegou que até o final do ano a presidente daria prioridade a “assuntos internos do Ministério da Defesa”, mas em 2012, o processo original seria resgatado. Em maio, a própria Dilma havia informado ao governo sueco da sua disposição de reavaliar os trâmites, o que significava dizer de sua disposição de priorizar a opinião da área técnica da Aeronáutica.

Celso Amorim, a resposta que embarreira certos acordos

Ao contrário do que especulava a mídia – e nessa caíram até certos escribas independentes – o substituto de Jobim será o ex-ministro Celso Amorim e não o ex-governador Moreira Franco, que envolveu o seu amigo Michel Temer e outros poderosos da corte uma frenética articulação em seu favor.

É cedo para entender a escolha, mas é provável que Dilma queira com Celso Amorim   dar um freio na postura inconveniente do Ministério da Defesa, a partir da assinatura do acordo militar com Israel, em novembro de 2010.

Por conta desse acordo, o Brasil passou fazer todos os gostos da indústria bélica israelense, como escreveu Laerte Braga: “autoridades militares brasileiras declararam publicamente ter ajudado empresas israelenses de armas a entrar em contato com as forças armadas de outros países latino-americanos”.

E foi mais longe em seu relato:
“Três empresas brasileiras de armas foram compradas por Israel, a AEL, a ARES AEROESPECIAL E DEFESA S/A e PERISCÓPIO EQUIPAMENTOS OPTRÔNICOS S/A. São inúmeros contratos com as forças armadas brasileiras, envolvendo o PROJETO GUARANI e espera – Israel – conquistar contratos para os Jogos Olímpicos e Copa do Mundo – segurança, o que no caso de Israel significa barbárie.

Israel Aircraft Industries (IAI) formou uma joint venture (espécie de parceria, associação) denominada EAE com o grupo Synergy. Uma subsidiária da IAI, a Bedek, usa os centros de manutenção e de produção da TAP M & BRAZIL (notem que já está com “Z”), nos aeroportos do Rio de Janeiro e Porto Alegre. Estas informações podem ser encontradas no STOCKHOLM INTERNATIONAL PEACE RESEARCH INSTITUTE. (Veja íntegra do artigo de Laerte Braga  no blog da Rede Castorphoto) .

Há que se observar a reação imediata dos sionistas à indicação de Celso Amorim. O jornal Estadão já iniciou a temporada de intrigas, ao se referir a um suposto mal-estar, sem identificar suas supostas fontes: “A indicação do ex-chanceler Celso Amorim para o Ministério da Defesa já está provocando reações contrárias em Brasília. Militares dos altos comandos das Forças Armadas consultados pela reportagem consideraram esta "a pior escolha possível" que a presidente poderia ter feito”.

E disse mais, numa redação que cheira a encomenda: “Segundo esses interlocutores, Amorim contrariou "princípios e valores" dos militares nos últimos anos quando esteve à frente do Ministério das Relações Exteriores e até ex-ministro Nelson Jobim contornava as polêmicas causadas por decisões "completamente ideologizadas" de Amorim”.

Seja o que for, com suas escolhas recentes, a presidente Dilma Rousseff vem ganhando a admiração até dos seus não-eleitores por conta de suas decisões desassombradas, capazes de revelar um modelo de governança à prova de bala e de outras coisitas mais.

Sintonia Fina - Porfiriolivre

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