A BBC republica matéria do jornal inglês “Financial Times” que pode ter lá suas verdades, embora contenha um monte de informações erradas, que não ficam bem a um jornal que se arroga o direito de dar lições econômicas aos países menos desenvolvidos.
Diz que há uma luta entre duas classes médias: a “antiga” e a “moderna, formada pelos milhões de brasileiros que ascenderam ao mundo do consumo durante o governo Lula.
“O jornal observa que os 33 milhões de brasileiros que deixaram a pobreza para integrar a nova classe média emergente foram os grandes beneficiados pelas políticas oficiais, enquanto a classe média tradicional considera que a situação no período ficou mais difícil. “Os preços da carne e da gasolina dobraram, pedágios nas estradas subiram e comer fora ou comprar imóveis ficou proibitivamente caro”, lista a reportagem”.
Epa, devagar.
A gasolina subiu, sim, mas está longe de ter dobrado de preço. Era de R$ 2,066, em 2003, segundo pesquisa nacional da ANP, contra 2,759 apurados na última semana. Está cara? Está, mas o aumento, portanto, não é de 100%, mas de cerca de 35%, em oito anos. A inflação no período, medida pelo IPCA, foi de 52,6%, o que aplicado sobre o preço da gasolina em 2003 daria R$ 3,15.
E o preço da carne? A arroba do boi gordo, em dezembro de 2002, segundo o Cepea-USP, custava R$ 57,58. No mês passado, oito anos e meio depois, R$ 97,22. Aumento de 68,8%, contra uma inflação no período de 78,9%.
Estes são, de fato, dois produtos que subiram muito de preço, mas são apenas dois. O “FT” poderia chegar a outras conclusões com itens que fazenm parte da cesta de consumo das classes A e B, como importados e viagens internacionais e teria resultados absolutamente inversos.
Os imóveis, inegavelmente, estão caríssimos. Faltou dizer que, entre outras razões, é porque há crédito. Isso fez “bombar” os imóveis para a classe média baixa mas, de maneira nenhuma, reduziu a procura por unidades mais caras.
Tanto que os lançamentos e as vendas de imóveis de luxo e voltados para a classe média alta deverão permanecer estáveis em 2011, segundo afirma o Sindicato das Construtoras. Outro dia, aqui, a gente mostrou que, no ano passado,. dos 2316 imóveis lançados na cidade de Santos (SP), uma das que mais encareceu, 1268 unidades (55%) eram de valor superior a R$ 500 mil.
Quanto ao preço dos pedágios, é melhor que os leitores de São Paulo comentem de quem a classe média deve ter raiva.
As classes A e B não perderam nada. O próprio Marcelo Nery, citado como fonte pelo Financial Times diz que elas tiveram mesmo um aumento real de 10% em sua renda, em dez anos.
Mas um coisa é correta na matéria. Tem muita gente, elitista, que não se conforma em ver os pobres ascenderem, estudarem, terem acesso a bens e serviços como eles.
É o pessoal da “gente diferenciada”, como aquele lá de Higienópolis, que não queria estação de metrô.
E só quer ver de longe o pesoal da classe C, que teve 68% de aumento na renda, no mesmo período.
E que tem agindo em cima de si, uma imprensa incapaz de ajuda-la a ver que o progresso dos pobres é a única saída para que os mais ricos possam viver em algo que não seja uma selva.
Mas é o próprio professor Neri, no final da matéria, que vai ao centro do problema:
“Na avaliação de Neri ao jornal, as mudanças representam um reordenamento da riqueza no país que estava pendente desde a abolição da escravatura, em 1888.”
Em 2011, tem gente que ainda gostaria de conservar a senzala.
Sintonia Fina - Tijolaço
Diz que há uma luta entre duas classes médias: a “antiga” e a “moderna, formada pelos milhões de brasileiros que ascenderam ao mundo do consumo durante o governo Lula.
“O jornal observa que os 33 milhões de brasileiros que deixaram a pobreza para integrar a nova classe média emergente foram os grandes beneficiados pelas políticas oficiais, enquanto a classe média tradicional considera que a situação no período ficou mais difícil. “Os preços da carne e da gasolina dobraram, pedágios nas estradas subiram e comer fora ou comprar imóveis ficou proibitivamente caro”, lista a reportagem”.
Epa, devagar.
A gasolina subiu, sim, mas está longe de ter dobrado de preço. Era de R$ 2,066, em 2003, segundo pesquisa nacional da ANP, contra 2,759 apurados na última semana. Está cara? Está, mas o aumento, portanto, não é de 100%, mas de cerca de 35%, em oito anos. A inflação no período, medida pelo IPCA, foi de 52,6%, o que aplicado sobre o preço da gasolina em 2003 daria R$ 3,15.
E o preço da carne? A arroba do boi gordo, em dezembro de 2002, segundo o Cepea-USP, custava R$ 57,58. No mês passado, oito anos e meio depois, R$ 97,22. Aumento de 68,8%, contra uma inflação no período de 78,9%.
Estes são, de fato, dois produtos que subiram muito de preço, mas são apenas dois. O “FT” poderia chegar a outras conclusões com itens que fazenm parte da cesta de consumo das classes A e B, como importados e viagens internacionais e teria resultados absolutamente inversos.
Os imóveis, inegavelmente, estão caríssimos. Faltou dizer que, entre outras razões, é porque há crédito. Isso fez “bombar” os imóveis para a classe média baixa mas, de maneira nenhuma, reduziu a procura por unidades mais caras.
Tanto que os lançamentos e as vendas de imóveis de luxo e voltados para a classe média alta deverão permanecer estáveis em 2011, segundo afirma o Sindicato das Construtoras. Outro dia, aqui, a gente mostrou que, no ano passado,. dos 2316 imóveis lançados na cidade de Santos (SP), uma das que mais encareceu, 1268 unidades (55%) eram de valor superior a R$ 500 mil.
Quanto ao preço dos pedágios, é melhor que os leitores de São Paulo comentem de quem a classe média deve ter raiva.
As classes A e B não perderam nada. O próprio Marcelo Nery, citado como fonte pelo Financial Times diz que elas tiveram mesmo um aumento real de 10% em sua renda, em dez anos.
Mas um coisa é correta na matéria. Tem muita gente, elitista, que não se conforma em ver os pobres ascenderem, estudarem, terem acesso a bens e serviços como eles.
É o pessoal da “gente diferenciada”, como aquele lá de Higienópolis, que não queria estação de metrô.
E só quer ver de longe o pesoal da classe C, que teve 68% de aumento na renda, no mesmo período.
E que tem agindo em cima de si, uma imprensa incapaz de ajuda-la a ver que o progresso dos pobres é a única saída para que os mais ricos possam viver em algo que não seja uma selva.
Mas é o próprio professor Neri, no final da matéria, que vai ao centro do problema:
“Na avaliação de Neri ao jornal, as mudanças representam um reordenamento da riqueza no país que estava pendente desde a abolição da escravatura, em 1888.”
Em 2011, tem gente que ainda gostaria de conservar a senzala.
Sintonia Fina - Tijolaço
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