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| Lucena relata detalhes da prisão de Dilma e outros casos |
O advogado João Lucena Leal choca
o Brasil com depoimento sobre torturas e mortes das quais ele próprio participou.
Ele revelou ter presenciado de 10
a 15 execuções e participado de operações que resultaram
na prisão de Dilma Rousseff.
Via Pragmatismo
Político
O advogado João Lucena Leal, radicado
em Rondônia há 30 anos, chocou o Brasil, em rede nacional de televisão, com um depoimento
frio sobre mortes e torturas durante o regime militar. Ele também revelou detalhes
das operações de que participou para prender a hoje presidente da República, Dilma
Rousseff, e o então estudante José Genoíno, que viria a ser presidente nacional
do Partido dos Trabalhadores e atualmente é assessor do Ministério da Defesa. Segundo
Lucena, Genoíno não precisou ser torturado. “Fez um acordo com o Exército e entregou,
delatou todos os seus companheiros”, disse.
Lucena falou ao jornalista Roberto
Cabrini, do programa Conexão Repórter, do SBT. Cabrini esteve em Porto Velho para entrevistar
aquele que é considerado um dos maiores torturadores ainda vivos do tempo da repressão
no Brasil.
Agente da repressão a serviço dos
militares que tomaram o poder no País com o golpe de março de 1964, João Lucena
Leal foi descrito como o típico homem dos porões da ditadura.
Na entrevista, Lucena descreveu, com
tranquilidade e frieza, o que viu e o que fez com os adversários políticos do regime.
“O sujeito amarrado, algemado e o executor puxava o gatilho e matava”, disse ele
ao narrar uma das cenas entre as inúmeras das quais presenciou e participou.
Tortura justificada
Para Lucena, a tortura se justifica
“para extrair uma informação ardente”. Fazia parte de seu trabalho extrair tais
informações dos ativistas políticos. “Eu executava com nobreza”, acrescentou.
Ex-delegado da Polícia Federal, Lucena
também é descrito como um torturador profissional. A Roberto Cabrini, ele relatou
torturas, prisões e mortes das quais diz ter participado.
Mesmo acusado de cometer atrocidades,
Lucena disse estar orgulhoso de tudo o que fez.
Com a saúde severamente abalada após
um ataque cardíaco e acusado de ser um torturador impiedoso, mesmo assim o homem
da repressão diz ter a consciência e um sono tranquilos.
Na entrevista, informou ter apenas
um remorso. Foi quando viu o corpo de uma moça de 17 anos morta pelos militares.
“Peguei no corpo dela e ainda estava quente. A moça não tinha ideologia nenhuma.”
Em Rondônia, Lucena ficou rico como
advogado de traficantes e de notórios assassinos, como o fazendeiro Darli Alves,
que matou a tiros, no Acre, o líder seringueiro Chico Mendes.
Ao falar sobre o que considera tortura,
Lucena disse que “é um ato de violência contra o próprio irmão”, e acrescentou :
“A tortura é praticada em larga escala nas polícias militar e civil do País.”
Mostrando profundo conhecimento no
assunto, o advogado disse que, em sua época, o método mais utilizado era o pau-de-arara,
nas suas palavras, “um instrumento cruel, devastador, que deixa sequelas. Tem muita
gente que não resiste meia hora e conta tudo. Às vezes, é só mostrar o instrumento
e ele [a vítima] abre”.
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| Torturador perverso, segundo testemunhas |
As sete vítimas vivas de Lucena
João Lucena Leal estava lotado na
Superintendência da Polícia Federal do Ceará quando era agente da repressão. Lá,
entre suas incontáveis vítimas, o SBT localizou sete pessoas que dizem ter sido
torturadas pelo advogado.
O hoje professor José Auri Pinheiro
foi torturado barbaramente por dois dias. Ele reconheceu Lucena durante a entrevista
a Roberto Cabrini, que lhe mostrou uma foto do advogado quando ainda era mais novo.
“O Lucena é um torturador conhecido aqui no Ceará. Em 1973 fui torturado por ele,
que é um sujeito explosivo, impulsivo e malvado, que só falava em matar, em destruir
as pessoas”, contou Auri. Segundo ele, Lucena torturava as vítimas “com sadismo,
com convicção”.
O hoje arquiteto José Tarcísio Prata
foi outro que também relatou sua experiência dolorosa nas mãos de João Lucena Leal.
“É um torturador profissional, perverso”, disse.
Viu 10 ou 15 execuções e a delação de José Genoíno
Lucena afirmou ter visto de 10 a 15 execuções de guerrilheiros
do PCdoB no Araguaia, entre elas, a morte de uma jovem identificada por ele como
Sônia, que foi assassinada pelo hoje major reformado do Exército Sebastião Curió.
No meio da entrevista, João Lucena
disse que, no Araguaia, foi preso o então estudante José Genoíno, que viria a ser
presidente do Partido dos Trabalhadores e atualmente é assessor do Ministério da
Defesa.
Segundo Lucena, Genoíno não foi torturado
e fez um acordo para delatar os companheiros de guerrilha. O major Sebastião Curió
confirma a afirmação de Lucena sobre o ex-dirigente petista. “O Genoíno não foi
torturado e entregou todo mundo.”
A prisão de Dilma
Tanto Curió quanto Lucena participaram
das investigações e prisão da atual presidente Dilma Rousseff, então militante política.
“Ela [Dilma] era uma menina de 17 ou 18
anos de idade que foi presa e levada para a Operação Bandeirantes e entregue ao
delegado Fleury [Sérgio Paranhos Fleury, notório
torturador].”
A Sintonia Fina - Limpinho


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