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Serra não quer a instalação da CPI da Privataria Tucana |
--A CPI da Privataria
Tucana se transformou, no Congresso, em moeda de troca entre
parlamentares da base de apoio ao governo e oposicionistas. A
constatação é do deputado Protógenes Queiroz (PCdoB-SP), autor do pedido
para a instalação das investigações sobre desvios bilionários ocorridos
durante o processo de privatização das principais empresas públicas
brasileiras, no governo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso
(FHC). Setores mais conservadores da Casa têm feito “uma ação pesada
para postergar a instalação da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI)”,
disse o parlamentar, em entrevista exclusiva ao Correio do Brasil, na manhã desta segunda-feira.
–
Agora é inexorável. A CPI já foi instalada. Não tem mais como voltar
atrás. O que se discute são os nomes dos integrantes, mas há uma pressão
muito grande, por parte de setores conservadores na Casa, na oposição e
em parte do PMDB, para que os trabalhos comecem mesmo somente depois
das eleições – afirmou Protógenes Queiroz
Ex-governador
paulista e candidato derrotado nas últimas eleições presidenciais, José
Serra é o principal suspeito de coordenar um esquema de evasão de
divisas jamais visto na história republicana do Brasil, segundo o best seller de Amaury Ribeiro Jr., A Privataria Tucana.
Serra, porém, é o virtual candidato do PSDB à prefeitura de São Paulo e
trabalha contra a instalação da CPI que investigará o envolvimento
dele, então ministro do governo FHC, como um dos cabeças da quadrilha
que se apropriou de parte do resultado obtido na venda de empresas como a
Vale do Rio Doce e a Companhia Siderúrgica Nacional; além de todas as
subsidiárias do Sistema Telebrás, segundo o livro-reportagem.
Ainda
de acordo com o jornalista Ribeiro Jr., as Verônicas Serra (filha do
principal suspeito) e Dantas (irmã do banqueiro Daniel Dantas, sócio do
Banco Opportunity, condenado por crimes como evasão de divisa e formação
de quadrilha) usaram três empresas para trazer US$ 5 milhões do
Citibank ao Brasil pelo trajeto Miami-Caribe-São Paulo. Isso seria
apenas uma pequena fração da propina paga por favorecimento nas
privatizações, uma vez que o Ciribank comprou parte da Telebrás em
parceria com Dantas.
A revelação
destes e outros dados no plenário de uma CPI, antes das eleições
municipais, segundo um renomado líder tucano, que prefere falar em
condição de anonimato “para evitar situações ainda mais desagradáveis do
que outras que têm ocorrido no PSDB paulista”, seria suficiente para
naufragar a campanha de Serra à prefeitura paulistana.
–
Sem dúvida, um setor do partido tem trabalhado incansavelmente para
adiar a instalação da CPI da Privataria. Se os trabalhos começarem antes
das eleições, a campanha de Serra corre o sério risco de ir direto
‘para o vinagre’, por mais que se tente controlar o caso junto à
imprensa amiga. Mas o partido, infelizmente, está fragmentado. Embora
Serra ainda tenha peso específico na legenda, o desgaste é cada vez
maior – disse o político tucano.
A
instalação da CPI da Privataria, porém, é ponto de honra para o
delegado da Polícia Federal, eleito à Câmara dos Deputados pela
principal legenda comunista no país. Protógenes Queiróz reúne a
militância do Partido para, nos próximos dias, iniciar uma série de
manifestações públicas no sentido de pressionar a Mesa Diretora da
Câmara a definir, o quanto antes, os nomes dos integrantes da CPI.
–
Vamos começar a recolher o apoio, por todo o país, dos eleitores que
querem ver o Brasil passado a limpo. Em São Paulo, já na semana que vem,
teremos pontos de recolhimento dessas assinaturas. O mesmo movimento se
repetirá no Rio de Janeiro e nas principais capitais do país. O momento
agora é de mobilização popular – afirmou Protógenes.
Principal
elo de ligação entre José Serra e o esquema de desvio dos recursos
públicos, durante o processo de privatização, Ricardo Sérgio de Oliveira
– indicado para uma diretoria do Banco do Brasil por seu padrinho
político – com influência na gestão dos fundos de pensão estatais,
ampliou o faturamento de suas empresas, principalmente em negócios com
os próprios fundos de pensão. Para a Previ, as empresas dele venderam um
prédio por R$ 62 milhões. Da Petros, compraram dois prédios por R$ 11
milhões. Denúncias sobre a ação de Ricardo Sérgio chegaram à capa da
revista semanal de ultradireita Veja, em 2002.
O dinheiro da compra do prédio da Petros foi internalizado no Brasil a partir de uma offshore
caribenha, no paraíso fiscal onde a filha de Serra operava com suas
empresas. Ricardo Sérgio, segundo Protógenes, será um dos primeiros
convocados a depor na CPI da Privataria Tucana.
Por Redação - de São Paulo e Brasília Correio do Brasil
Sintonia Fina
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