Amigo navegante, que chegou do trabalho às 11 e meia da noite e teve que subir dez andares de escadas por causa da Eletropaulo, sugere publicar esse interessante post do Tijolaço sobre como a empresa americana AES-Eletropaulo chantageou os tucanos que administravam o BNDES.
Agora, que o BNDES se preparava para entrar numa fria parecida, a do Abiliô, vale a pena recordar como era o BNDES do FHC e do Cerra.
Como já se lembrou aqui como
Cerra vendeu a Light, com um largo sorriso nos lábios – a Light dos bueiros que transformaram o Rio numa Cabul.
Antes, o BNDES cedia aos americanos.
Hoje, aos franceses.
E, como diz o Simão, o pão pode ser frances, mas a rosca é brasileira.
Ou, a luz pode ser americana, mas o bocal é nosso !
Chega a ser irônico que os tucanos estejam falando em CPI sobre a possível participação do Bndespar na operação de fusão do Pão de Açúcar com o francês Carrefour. A autoridade moral do tucanato, neste assunto, está abaixo de zero.
Primeiro, seria o primeiro caso de investigação em CPI de um negócio que pode ou não acontecer.
Mas desconsideremos esta “inovação jurídica” e lembremos do que os tucanos fizeram com o BNDES.
Usaram o dinheiro do banco – dinheiro do Tesouro, não o da empresa de participações, como agora - para financiar a compra de nossas estatais.
O grupo americano AES pegou todo – isso mesmo, todo! – o valor que pagou para comprar a Eletropaulo no BNDES em 1998, sob o governo do festejado FHC. Foram duas as operações, num total de R$ 2 bilhões. Para assumir controle e a gestão da companhia, a AES recebeu o equivalente a US$ 900 milhões. Apenas um dia epois, pediu e ganhou mais US$ 1,1 bilhão para comprar o restante da empresa, que era dos franceses da Light e concentrar tudo no grupo controlador AES.
Não pagou a dívida e forçou o BNDES a converter em ações e debêntures US$ 1,3 bilhão de dívidas. E, perdoar, casso a empresa honrasse, daí em diante, os juros e multas de mais de R$ 560 milhões.
Isso foi, aliás, uma das últimas contendas entre Leonel Brizola e integrantes do recém instalado Governo Lula. Aliás, parte do governo, inclusive a então Ministra de Minas e Energia, tinha ganas de retomar a empresa e só não o fez por uma avaliação de que a estatização de uma empresa americana ia detonar um movimento “terrorista” da direita muito ruim para a estabilidade do Governo.
A AES pegou dinheiro público para comprar o que já era nosso, chantageou ou governo e ameaçou deixar entrar em colapso o fornecimento de energia a São Paulo. Extorquiu os consumidores, obrigando-os a assinar termos de reconhecimento de dívidas atrasadas – sem validade, segundo a lei – sob ameaça de corte de luz, demitiu metade dos empregados, enviou centenas de milhares de dolares para a matriz – que andava mal das pernas – e investiu muito pouco na qualidade dos serviços.
O PSDB topa colocar os dois negócios na balança, mesmo que um deles ainda não esteja concretizado? Vamos ver onde é que tem cheiro de maracutaia. Vai ser muito bom. Vai ser muito esclarecedor para a população ver como eram os negócios de Estado na gestão Fernando Henrique.
Sintonia Fina - PHA
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